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Entenda as obras no presídio federal de Mossoró que podem ter facilitado a fuga de detentos

Pelo menos três obras estão em andamento na Penitenciária Federal de Mossoró que registrou a fuga de dois presos na última quarta-feira (16): a reforma da área do banho de sol, a reforma no alojamento dos policiais penais, e a reforma de uma área aberta na entrada do presídio, que está sendo fechada para climatização.


As informações foram confirmadas na sexta-feira (16) pelo corregedor do presídio, o juiz federal Walter Nunes. Ele não especificou valores e nem a duração dos contratos das obras. Esta foi a primeira fuga registrada na história do sistema penitenciário federal, desde sua criação em 2006.


A perícia da Polícia Federal aponta que os dois presos podem ter usado ferramentas do canteiro de obras para cortar o alambrado por onde escaparam. Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento estavam isolados em celas individuais – porém vizinhas, separadas por uma parede. Os dois podem ter conseguido planejar a ação.


“Pelo procedimento e pelo que foi dito pela direção essas ferramentas não ficavam lá, mas neste dia estavam lá. Para além disso, no local tinha um alicate apropriado para cortar essas cercas”, disse o juiz corregedor.


 


Obras


 


Walter Nunes explicou que o pátio do banho de sol era muito grande e o número de presos por banho de sol é limitado. “A reforma é para dividir a área em duas para fazer banho de sol no mesmo momento”, afirmou.


Já o alojamento dos policiais penais está passando por uma obra de ampliação e melhorias para oferecer mais conforto aos agentes.


A terceira obra é em uma área aberta que fica na entrada do presídio. Por causa do calor, esse local será fechado para instalação de ar-condicionado.


“Nas nossas casas a gente não tem que fazer reparos? Imagina em um presídio que está funcionando desde 2009, vai ter obra sempre que precisar”, disse o corregedor.


O presídio federal de Mossoró, que tem capacidade para 208 presos, recebeu os primeiros detentos em fevereiro de 2010 — eram 20, transferidos do sistema penitenciário do Rio Grande do Norte. A unidade tem 12,3 mil metros quadrados. Outras características do presídio são:


Celas individuais, divididas em quatro pavilhões, mais 12 de isolamento para os presos recém-chegados ou que descumprirem as regras.


Celas com sete metros quadrados com dormitório, sanitário, pia, chuveiro, mesa e um assento.


Cada movimento do preso é monitorado. O chuveiro liga em hora determinada, a comida chega por uma portinhola e a bandeja é inspecionada.


Não há tomadas, nem equipamentos eletrônicos nas celas.


As mãos devem estar sempre algemadas no percurso da cela até o pátio onde se toma sol.
Câmeras de vídeo reforçam a segurança 24 horas por dia, segundo o governo federal – parte delas não estava funcionando na última quarta, mas, segundo Nunes, há imagens dos presos cortando alambrados.


No presídio há biblioteca, unidade básica de saúde e parlatórios para recebimento de visitas e de advogados, além de local para participação de audiências judiciais.


Fugitivos passam a ter nome em lista da Interpol


 


Os nomes e fotos de Rogério Mendonça e Deibson Nascimento – fugitivos do presídio de segurança máxima de Mossoró (RN) – passaram a constar na lista vermelha da Interpol, na sexta. Logo após a fuga, o Brasil pediu a inclusão na lista da Interpol – normalmente utilizado para cooperação entre as polícias de diferentes países quando criminosos perigosos conseguem fugir das nações onde são procurados.


Segundo o secretário nacional de Políticas Penais, André de Albuquerque Garcia, no entanto, isso não significa que, para a polícia, os dois fugitivos tenham conseguido deixar o país.


Em entrevista à jornalista Andréia Sadi, o vice-presidente da Interpol para as Américas, Vandecy Urquiza, explicou que a Interpol trabalha com a possibilidade de que os fugitivos tentem sair do país.


“Em casos como esse, há sempre a possibilidade que eles [fugitivos] venham a tentar sair do país. A partir do momento que esses nomes são incluídos nessa difusão [vermelha], nós conseguimos que todos os países que compõe a organização tenham acesso imediatamente a informações”, disse.


Uniforme de presídio encontrado e foto do buraco usado para fuga
Uma imagem do presídio federal de segurança máxima de Mossoró mostra um buraco na parede da cela de um dos dois presos que fugiram da unidade na madrugada da quarta-feira (14).


Além disso, nesta sexta-feira (16), a força-tarefa que busca pelos dois fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró encontrou uma camiseta de uniforme de presidiário na zona rural da cidade, nas proximidades de onde fica a unidade prisional.


Buraco na parede da cela de onde saíram fugitivos do presídio de segurança máxima de Mossoró — Foto: Divulgação

Os policiais encontraram ainda pegadas, uma outra camiseta e um lençol que os investigadores acreditam ter sido abandonadas pelos fugitivos.


A camiseta e o lençol, segundo investigadores, foram pegos em uma casa que fica a 7 km do presídio e que foi alvo de furto, na noite de quarta-feira (14), mesmo dia da fuga. Um dos moradores da região confirmou aos investigadores que, entre os itens, estava um objeto furtado da casa.


Para a força-tarefa responsável pelas buscas, tudo leva a crer que os dois fugitivos ainda estão na área. Um raio de 15 km em torno do presídio está sendo vasculhado. As buscas, agora, concentram-se na área onde as pegadas e peças de roupa foram achadas.


Ao todo, mais de 300 agentes de segurança estão trabalhando para recapturar os fugitivos. Estão empenhados:


• 100 agentes da Polícia Federal;
• 100 agentes da Polícia Rodoviária Federal;
• 100 agentes das forças policiais locais (civil e militar);
• 3 helicópteros (1 da PRF, 1 da PF e 1 da Secretaria de Segurança Pública do RN);


Drones (com equipamentos termais) e cães farejadores.
Um grupo da unidade de elite da Polícia Federal chegou ao Aeroporto de Aracati, no Ceará, na manhã de sexta-feira (16), para se unir à operação de fiscalização e buscas na divisa entre o Ceará e o Rio Grande do Norte.


Morte de adolescente, rebelião: quem são os fugitivos


Os dois presos são do Acre e estavam na Penitenciária de Mossoró desde 27 de setembro de 2023. Eles foram transferidos após participarem de uma rebelião no presídio de segurança máxima Antônio Amaro, em Rio Branco, que resultou na morte de cinco detentos – três deles decapitados.


Os dois homens são ligados ao Comando Vermelho, facção de Fernandinho Beira-Mar, que também está preso na unidade federal de Mossoró.


Foto: reprodução

Rogério da Silva Mendonça roubou uma moto em 18 de fevereiro de 2021 no Acre. No dia 22 do mesmo mês, assaltou um motorista de aplicativo. Três dias depois, foi preso em flagrante com uma arma de fogo após investigações e foi levado ao Presídio Evaristo de Moraes, em Sena Madureira (AC). A polícia pediu a prisão preventiva dele após esses crimes.


Já preso, acionou comparsas e mandou matar o adolescente Taylon Silva dos Santos, de 16 anos, em abril de 2021. Após o crime, Rogério foi transferido para o Presídio Antônio Amaro Alves, na capital, para o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), onde ficou desde então, até ter sido transferido ao Rio Grande do Norte.


Rogério responde a mais de 50 processos. Ele é condenado a 74 anos de prisão, somadas as penas, de acordo com o Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen-AC).


Já Deibson Cabral Nascimento tem o nome ligado a mais de 30 processos e responde por crimes de organização criminosa, tráfico de drogas e roubo. Ele tem 81 anos de prisão em condenações.


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