O Ibovespa fechou em alta e o dólar cai ante o real nesta quinta-feira (25), com investidores analisando dados do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos acima do esperado e com a alta forte do petróleo sustentando os ganhos da bolsa brasileira.
O movimento da bolsa, porém, foi prejudicado pela queda acima de 2% da Vale (VALE3) diante da pressão política e após multa bilionária imposta pela Justiça Federal pelo desastre de Mariana.
Ainda na cena internacional, o Banco Central Europeu (BCE) manteve os juros estacionados no patamar recorde de 4%, conforme esperado, e reafirmou seu compromisso com o combate à inflação, não dando qualquer indício de que seus membros estejam sequer contemplando a flexibilização da política monetária.
O principal indicador do mercado doméstico fechou com alta 0,28,%, aos 128.168 pontos, acompanhando o movimento de alta de Wall Street e nas praças europeias.
Ignorando a alta ante as principais moedas globais, o dólar recuou 0,19% contra o real, negociado a R$ 4,922 no terceiro dia seguido de desvalorização.
Petrobras, Vale e Gol
A alta do Ibovespa foi sustentada pela alta de 3,7% da Petrobras (PETR4), em linha com a alta 3% do petróleo no mercado global após a divulgação de queda dos estoques nos Estados Unidos.
Na contramão, a Vale perdeu 2,2% em meio às pressões políticas para emplacar o nome de Guido Mantega no Conselho da companhia. O clima ficou ainda mais pesado após divulgação de que a Justiça Federal multou a empresa, além de Samarco e BHP, em R$ 47,6 bilhões com indenização do desastre de Mariana (MG), em 2015.
A Gol também foi foco das atenções ao fim do mercado ao divulgar aos investidores o pedido de recuperação judicial nos EUA para reestruturar as contas.
Segundo a companhia, a decisão tem como objetivo “fortalecer sua posição financeira” e, ao mesmo tempo, a aérea conseguiu compromisso de financiamento de US$ 950 milhões para a continuidade dos negócios.
As ações da empresa também ficaram entre as maiores quedas do dia, com desvalorização de 3,16%
PIB dos EUA cresce 3,3% em 2023
O Departamento do Comércio dos EUA informou que o PIB no último trimestre do ano passado aumentou a uma taxa anualizada de 3,3%, bem acima da mediana das expectativas dos economistas consultados pela Reuters, de alta de 2,0%.
Apesar do dado forte — que poderia favorecer uma alta dos rendimentos dos Treasuries — os yields dos títulos norte-americanos de dez anos se mantiveram em queda, o que contribuiu para o viés negativo do dólar ante algumas divisas, como o real.
Ainda que o PIB tenha crescido acima do esperado, seu deflator implícito sugeriu um cenário positivo para a inflação norte-americana.
Em relatório separado divulgado nesta quinta-feira, o Departamento do Trabalho informou que os pedidos iniciais de auxílio-desemprego aumentaram em 25 mil, para um ajuste sazonal de 214 mil, na semana encerrada em 20 de janeiro. Os economistas previam 200 mil pedidos na última semana.
Neste cenário, operadores elevaram na curva norte-americana as apostas de que o Fed cortará os juros até maio — mas não necessariamente em março, como vinha sendo largamente precificado até o início do ano.
BCE segura juros
Em uma decisão já esperada pelos analistas, o BCE manteve os juros da zona do euro em 4% ao ano, e não deu sinais de arrefecimento da política monetária.
O BCE encerrou seu ciclo mais rápido de aumento de taxas em setembro, mas tem sido inflexível ao afirmar que discutir uma reversão seria prematuro, uma vez que as pressões sobre os preços não foram totalmente extintas e muitas negociações salariais ainda não foram concluídas.
Os investidores, no entanto, estão apostando que o BCE está errando tanto em relação ao crescimento quanto à inflação e será forçado a fazer uma reviravolta, realizando cinco cortes nas taxas em rápida sucessão a partir do início da primavera europeia.