A Gol (GOLL4) anunciou nesta quinta-feira que a companhia e as suas subsidiárias estão entrando com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos para fortalecer sua posição financeira, acrescentando que todos os voos estão operando conforme programado e todas as passagens aéreas e reservas permanecem em vigor.
A companhia aérea também informou que inicia o processo legal nos EUA, conhecido como “Chapter 11”, com um compromisso de financiamento de US$ 950 milhões na modalidade “debtor in possession” (DIP) por membros do Grupo Ad Hoc de bondholders da holding Abra e outros bondholders da Abra.
Por conta da iminência do fato relevante, as ações tiveram a negociação interrompida na B3 até 17h24 (horário de Brasília). Os ativos eram negociados a R$ 6,65, estáveis e na mínima do dia, antes de terem as negociações suspensas. Os papéis voltaram a negociar e retomaram com queda de 2,26%, a R$ 6,50, para entrarem novamente em leilão.
A companhia destaca que o Chapter 11 é um processo legal dos Estados Unidos utilizado pelas empresas para levantar capital, reestruturar as finanças e fortalecer operações comerciais no longo prazo, enquanto continuam a operar normalmente.
“A Gol inicia o processo legal nos Estados Unidos com um compromisso de financiamento de US$ 950 milhões, na modalidade debtor in possession (“DIP”) por membros do Grupo Ad Hoc de Bondholders da Abra e outros Bondholders da Abra”, informou, destacando que buscará acesso a esse financiamento como parte da audiência do Primeiro Dia com o Tribunal dos EUA, prevista para os próximos dias.
O financiamento está sujeito à aprovação judicial e, juntamente com o caixa gerado pelas operações em curso, fornecerá liquidez substancial para apoiar as operações, que seguem normalmente, durante o processo de reestruturação financeira.
A aérea ainda destacou que, com o suporte do processo supervisionado pelo Tribunal e com a liquidez adicional do financiamento DIP, os voos de passageiros da Gol, os voos de carga da GOLLOG, o programa de fidelidade Smiles e outras operações da empresa continuam normalmente.
No comunicado, a companhia disse que utilizará o processo para reestruturar suas obrigações financeiras de curto prazo e fortalecer sua estrutura de capital para ter sustentabilidade no longo prazo.
“A companhia espera sair desse processo com um investimento significativo de capital, incluindo os novos US$ 950 milhões em financiamento DIP, posicionando-a para expandir sua posição como Companhia aérea líder na América Latina”, afirmou.
As especulações sobre se a aérea iria pedir recuperação judicial nos EUA ganharam força no início da semana passada.
A empresa tem lutado com dívidas elevadas e no mês passado contratou a Seabury Capital para ajudar a estabelecer uma revisão da estrutura de capital que abordaria gestão de passivos, transações financeiras e outras medidas para aumentar a liquidez.
A companhia encerrou o terceiro trimestre com uma relação dívida líquida/Ebitda (ou lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) de 7,9 vezes, que ainda é bastante alta em comparação com seus pares diretos, mas bem abaixo dos níveis de alavancagem máxima da pandemia (10,1 vezes no 1T22).
A empresa tem mais de R$ 20 bilhões em dívidas de financiamento, incluindo R$ 3 bilhões com vencimento no curto prazo, e atualmente enfrenta uma escassez de caixa para cumprir essas obrigações. Mas a empresa informou que “segue cumprindo as suas obrigações em todos os seus empréstimos e financiamentos, sem nenhum atraso nas parcelas de juros ou amortização”.
Por InfoMoney