A produção de borracha na Amazônia Legal é um dos produtos florestais não madeireiro de maior repercussão econômica, social e extrativa na história da região. O produto, que está associado à cultura e à formação da sociedade amazônica, é tema da segunda parte do 7º Boletim de Conjuntura Econômica desta semana. Os professores da Fundação de Apoio e Desenvolvimento ao Ensino, Pesquisa e Extensão Universitária do Acre (Fundape), contratados pelo Fórum, levantaram dados sobre a produção, exportação e geração de renda da borracha nos estados da Amazônia Legal e no Brasil entre 2022 e 2022.
No Brasil, em 2022, foram produzidas 419 mil toneladas de borracha natural. Desse total, só 1.058 toneladas foram produzidas na Amazônia Legal.
Confira o estudo completo aqui.
O estudo mostra que, entre 2020, 2021 e 2022, foram produzidas, em média, 964 toneladas de borracha por ano pela extração florestal na Amazônia.
Os estados do Amazonas e do Acre são os principais produtores de borracha pelo método extrativo, com uma produção média anual de 360 toneladase 357 toneladas respectivamente, no período avaliado.
Veja a produção no Acre entre 2020 e 2022:
2020 – 318
2021 – 364
2022 – 389
Assim, nos últimos três anos, a produção de borracha no estado acreano chegou a 1.071 toneladas.
Rondônia ocupa a terceira posição na Amazônia de borracha natural, com uma produção extrativa média anual de 144 toneladas. A seguir, com cerca de 35 toneladas anuais, aparecem os estados de mato Grosso, Pará e Tocantins.
Geração de renda
Sobre a geração de renda, o Acre se destaca no ranking tendo alcançado quase R$ 6 milhões em 2022. O estudo mostra que a renda é crescente no estado acreano e vem aumentando cerca de R$ 1 milhão por ano desde 2020. Em 2022, a renda do Acre representou 62,5% do total arrecadado com a produção da borracha na Amazônia.
O Amazonas ocupa a segunda posição com uma renda de R$ 2 milhões. A renda anual do estado amazonense permaneceu sem alterações nos três anos analisados. Nos demais estados da Amazônia a renda anual é inferior a R$ 1 milhão.
Preço médio
O preço médio da borracha natural produzida pelo extrativismo na Amazônia, em 2020, foi de R$ 7,3 mil por tonelada, R$ 8 mil por tonelada em 2021 e R$ 8,9 mil por tonelada em 2022.
No Acre, foi observado o melhor preço pago pela atividade econômica com R$ 12,3 mil por tonelada, em 2020. O mesmo ocorreu nos anos de 2021 e 2022, quando a tonelada de borracha natural alcançou R$ 13,1 mil e R$ 15,1 mil, respectivamente.
No Mato Grosso, o preço médio praticado em 2020 foi de R$ 5,6 mil por tonelada, com uma defasagem de 23,4% em relação ao preço médio observado na Amazônia Legal.
Todos os preços praticados nos demais estados apresentam defasagem do preço médio praticado nos anos de 2020, 2021 e 2022.
“A borracha, que faz parte da cultura ancestral dos povos amazônicos, pode voltar a fazer parte da cesta de renda do produtor rural da Amazônia Legal. Mas para isso, se faz necessária a atuação do Poder Governamental para incentivar o plantio de Seringueira em escala de produção na Amazônia para baixar os custos de produção, além de investimentos em pesquisas voltados para novas utilizações da borracha”, destaca o professor Carlos Franco no estudo.
Método de produção extrativa da borracha natural
O produto obtido pela coagulação do látex natural para fabricação de borracha natural, conhecida como GEB-10 (Granulado Escuro Brasileiro classe 10), tem em sua composição 100% de borracha natural.
Para produzir o látex, a ferramenta denominada de Riscador, abre uma fenda no tronco da árvore formando um Painel, para que o produto escorra e poder ser armazenado em uma tigela, em que fica por algumas horas recebendo o látex.
As ferramentas utilizadas na extração da borracha foram sendo aperfeiçoadas na medida que a demanda do produto aumentava. O látex natural é aquecido e modificado para pedaços duros de borracha natural na superfície dos recipientes, que passam por processos de rolagem em rolos mecânicos pesados o suficiente para retirar o excesso do líquido, obtendo lâminas de borracha natural que serviram para diversas utilizações, com diversos processos químicos, mecânicos e físicos para obter a vulcanização do produto.