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Tacacazeira e sanfoneiro de Xapuri são certificados como mestres tradicionais

A tacacazeira Natália Alves dos Santos e o sanfoneiro Juvenal de Aquino e Silva foram contemplados nesta segunda-feira,18, em Xapuri, com a primeira premiação de Mestres Tradicionais do Acre, por meio do Fundo Estadual de Cultura, executado pela Fundação de Cultura Elias Mansour (FEM).


Natália dos Santos foi diplomada como mestra da culinária tradicional e Juvenal Aquino como mestre da musicalidade tradicional. Ambos são legítimos representantes da cultura local, tendo em suas atividades não apenas o meio de vida, mas também o instrumento pelo qual anotam suas biografias na história da cidade.


O ato aconteceu em reunião simbólica ocorrida no gabinete do prefeito Bira Vasconcelos, com a presença, além dele, do secretário municipal de Cultura, Jorge Alves, da secretária de Assistência Social, Dayana Castelo, da vereadora Alarice Botelho, e das militantes culturais Jayce Brasil e Patrícia Helena Costa, responsáveis pela inscrição dos contemplados.


“Este reconhecimento é um marco histórico para cultura tradicional do município de Xapuri, que valoriza todo legado e contribuição de uma vida dedicada à cultura desta mestra da culinária e deste mestre da musicalidade tradicional, que exaltam a memória e a continuidade da cultura xapuriense”, disse a Patrícia Helena Costa.


Além da condecoração, Natália e Juvenal receberam a premiação de R$ 10 mil cada um, que terão 20% de retenção do Imposto de Renda, ficando em R$ 8 mil.


 


Natália do Tacacá


 


Aos 70 anos, Natália Alves dos Santos já teve um pouco da sua história contada aqui no ac24horas, no quadro Gente, Economia & Negócios, no dia 4 de dezembro do ano passado. Uma mulher muito simples, simpática e de sorriso fácil, ela nunca teve emprego público nem trabalhou em nenhuma empresa do setor privado.



Natália também não teve a oportunidade de cursar nenhuma faculdade, mas criou e educou os sete filhos produzindo e vendendo sua arte culinária no centro de Xapuri, no histórico Palanque Municipal, onde se tornou uma das principais referências da cultura popular em uma cidade que já foi conhecida pelas suas iguarias e doces tradicionais.


Há mais de 32 anos, a empreendedora vende seu tacacá em locais públicos de Xapuri. Mas sua maneira de trabalhar continua sendo a mesma durante todo esse tempo: do modo mais artesanal possível e sem necessitar de nenhuma sofisticação. Foi assim que ela conquistou a sua fiel clientela, construiu sua casa e se tornou uma das pessoas mais conhecidas e queridas da cidade.


 


O sanfoneiro Juvenal Aquino


 


Com 76 anos de idade, o sanfoneiro Juvenal Aquino já foi chamado de “instituição xapuriense”. Exemplo vivo da riqueza cultural que Xapuri possui e das figuras marcantes da história da cidade que nem sempre receberam o merecido reconhecimento.



 


Juvenal nasceu no seringal Apodi, nas margens do rio Xapuri, sendo o único xapuriense de nascimento em uma família de 12 irmãos. Seus pais, um cearense de Sobral, Teodoro Rodrigues da Silva, e uma paraense de Castanhal, Rita Tomás de Aquino, vieram para o Acre nos anos de 1940. Na viagem de barco entre Castanhal e as matas de Xapuri, morreram três dos 11 filhos que traziam.


A paixão pela sanfona nasceu por volta dos 20 anos de idade, quando resolveu pedir a Teodoro que comprasse para ele um instrumento de fole. Dos irmãos homens, Juvenal conta que todos tocavam alguma coisa, mas que o pai, mesmo tendo possuído um acordeão, jamais conseguira extrair um único acorde, motivo pelo qual resolveu vendê-lo.


 


A essa desilusão do pai causada pela falta de talento musical, Juvenal atribui a resistência do velho em adquirir a tão sonhada sanfoninha de 8 baixos dos seus sonhos, que findou por ser comprada algum tempo depois.


Em 1968, Juvenal deixou o seringal e veio para Xapuri, onde se inspirou num tocador chamado Mundico Agostinho, a quem considera seu grande mestre, e comprou uma nova sanfona, essa de 24 baixos. No ano seguinte, vendo que o filho levava jeito para a coisa, o velho Teodoro resolveu presenteá-lo com um instrumento maior: uma sanfona de 48 baixos com a qual o sanfoneiro começou a animar festas por vários lugares do município.


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