A quarta edição da publicação info.oncollect, chamada O Impacto do HPV em Diferentes Tipos de Câncer no Brasil, da Fundação do Câncer, divulgada nesta segunda-feira, 11, mostra que entre os estados da região Norte, a cobertura vacinal tem grande variabilidade. O Acre se destaca por estar muito abaixo do valor considerado adequado, tanto na população feminina quanto na masculina.
O Acre teve cobertura vacinal na primeira dose de 37,2% e na segunda dose 26,3%. Na população masculina de 11 a 14 anos dos estados do Norte, a cobertura vacinal contra o HPV, no geral, foi baixa. O Acre teve a menor adesão: 14,6% na primeira dose e 10,4% na segunda dose.
Entre os estados da região Norte, Roraima teve a maior cobertura vacinal na população feminina na primeira dose (D1) (87,3%) da vacina contra o HPV, caindo para 53,6% na segunda dose (D2). Já o estado com maior adesão foi o Tocantins (D1: 59,1%; D2: 40,2%). As maiores taxas de incidência (27,6 por 100 mil mulheres) e mortalidade (13,7 por 100 mil mulheres) por câncer do colo do útero foram no Amazonas.
Em relação às capitais do país, para a população feminina de 9 a 14 anos, Belo Horizonte (D1: 91,3%; D2: 72,8%), Curitiba (D1: 87,7%; D2: 68,7%) e Manaus (D1: 87,0%; D2: 63,2%) têm as maiores coberturas vacinais contra o HPV. No entanto, Rio Branco, capital do Acre, se destaca por ter a menor cobertura vacinal entre as capitais (D1: 14,6%; D2: 12,3%)
Vitória, porém, se destaca por ser a capital com maior cobertura vacinal contra o HPV entre a população masculina de 11 a 14 anos, com 73,9% na primeira dose e 55,0% na segunda dose, respectivamente.
Medida preventiva
Como medida preventiva para diminuir os casos da doença, a consultora médica da Fundação do Câncer, Flávia Miranda, ressaltou a importância da vacina no contexto dos cânceres relacionados ao HPV, mas disse que a questão ainda enfrenta resistências, apesar da comprovação da eficácia do imunizante, e que é preciso modificar esse cenário.
“É informação, comunicação e educação. Basicamente isso. As vacinas estão disponíveis para meninas e meninos de 9 a 14 anos em todas as unidades de saúde. Também podem ser vacinadas as pessoas imunossuprimidas, as que vivem com HIV/aids, transplantados e pacientes oncológicos até os 45 anos, mas existe muita polêmica porque ligam a vacina do HPV a uma infecção sexualmente transmissível, em vez de ligar à prevenção de câncer”, afirmou a médica.
A polêmica estende-se ainda aos críticos da vacina por entenderem que esta vai promover o início de atividade sexual mais precoce. Está comprovado que isso não acontece, acrescentou a consultora da Fundação Câncer. “Pelo contrário, as crianças e adolescentes que são vacinados contra o HPV iniciam mais tarde a atividade sexual e, quando iniciam, protegem-se e fazem a anticoncepção. Quer dizer, tudo demonstra que quem se vacina já tem um olhar de cuidado com a saúde. É fake news [a associação da vacina à iniciação social precoce]”, explicou.