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Renato Cariani negociou produtos químicos com homem ligado ao tráfico, dizem fontes

A investigação sobre a comercialização de produtos químicos entre a empresa Anidrol Produtos para Laboratórios LTDA — que tem o influencer Renato Cariani e Roseli Dorth como sócios-administradores — e empresas de fachada, revela a ligação dos empresários com um homem identificado como Fábio Spínola, preso em uma operação da PF contra o tráfico internacional de drogas em maio deste ano.


Fontes ligadas à investigação contaram à CNN que Spínola é o intermediário que se passou por Augusto Guerra, um falso comprador de produtos químicos da empresa AstraZeneca, que adquiriu diversos insumos da empresa de Cariani. Esses insumos podem ser usados para a fabricação de drogas.


Os policiais contam haver evidências de que pelo menos outras duas empresas foram usadas por pessoas ligadas ao esquema de desvio de produtos químicos, que negociaram e pagaram substâncias da Anidrol.


No que diz respeito à AstraZeneca, ainda segundo fontes, depois que a Receita Federal fez uma consulta sobre pagamentos que teriam sido feitos à Anidrol, uma investigação sobre o uso indevido do nome da farmacêutica foi iniciada.


O inquérito mostrou que não havia nenhuma negociação entre a AstraZeneca e a Anidrol, que não há registro de compra de parte dos insumos no Brasil e que não existe um funcionário com o nome Augusto Guerra na empresa farmacêutica.


Conforme a CNN mostrou em reportagem sobre as substâncias oferecidas por Cariani ao falso vendedor, foram emitidas notas fiscais para pagamentos feitos em depósito de dinheiro em espécie para insumos que podem ser usados para a fabricação de drogas, como o crack. Em vídeo publicado em suas redes sociais, Renato Cariani disse que a substância “puríssima” a qual se referiu é comercializada com a indústria química.


Alerta das Autoridades

Segundo a investigação, Cariani chegou a ser alertado pelas autoridades que a empresa que ele estava vendendo produtos químicos não se tratava da gigante farmacêutica AstraZeneca.


Em defesa própria, ele chegou a mostrar trocas de e-mails que continham o domínio “@astrazeneca.com.br”. Há provas robustas, segundo a PF, que o domínio foi comprado pelo falso representante da farmacêutica. Mesmo após os avisos, segundo a Polícia Federal, a empresa de Cariani continuou fazendo negociações e recebendo os depósitos em espécie.


O que os policiais falam sobre o possível conhecimento de Cariani da investigação, que avançou nos meses seguintes, é que mesmo após ser alertado que ele negociava com uma empresa falsa, a Anidrol chegou a emitir pelo menos mais dez notas fiscais relacionadas à comercialização de cloreto de sódio, cloridrato de lidocaína e cloridrato de fenacetina.


Tráfico internacional de drogas

Para a PF, há indícios claros que Spínola seria o intermediador entre a empresa de Cariani e o tráfico de drogas. Em maio deste ano, Spínola foi preso na Operação Downfall, que investigou suspeitos por crimes como organização criminosa, tráfico internacional de drogas e associação para fins de tráfico.


Fábio Spínola deixou a prisão há cerca de duas semanas, mas foi novamente alvo da PF na Operação Hinsberg, desencadeada na última terça-feira (12). Na casa dele, os policiais apreenderam R$ 100 mil em espécie.


Além de Spínola, outras 11 pessoas que teriam sido usadas por ele fizeram depósitos na conta da Anidrol. Pelo menos uma dessas pessoas também tinha passagem por tráfico de drogas, segundo um delegado da investigação.


Documentos mostram que entre 2014 e 2020, substâncias químicas, que poderiam produzir 15 toneladas de crack, saíram da empresa de Cariani para empresas de fachada. Os policiais também descobriram fraudes na forma em que os produtos eram retirados da Anidrol.


Há anotações de que, de uma vez só, os suspeitos retiraram 1 tonelada de insumos em uma única viagem de moto, “o que seria impossível”, comentou um delegado da Polícia Federal ligado à investigação.


Outro lado

CNN entrou em contato com Renato Cariani, Fábio Spínola Mota e Roseli Dorth.


Roseli respondeu ao contato da reportagem com o e-mail do advogado, que foi procurado pela CNN e ainda não retornou.


O advogado de Fábio Spínola Mota, Eliseu Minichillo, respondeu dizendo que “não há como se manifestar sem o absoluto conhecimento da íntegra dos autos”, ressaltando que só teve acesso aos documentos da investigação na noite desta quarta-feira (13). Mesmo assim, Eliseu ressaltou que “Fábio Spínola é inocente das imputações e tudo será devidamente esclarecido e comprovado ao longo da instrução processual”.


Renato Cariani não respondeu, até o momento, aos contatos realizados pela CNN.


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