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Depoimentos de netas à polícia desmentem Lúcia: “A vovó fica inventando isso”

ac24horas obteve com exclusividade os depoimentos das filhas de Gabriela Câmara, netas da  deputada federal Antônia Lúcia, concedidas à Polícia Civil de Brasília. As duas famílias vivem uma “guerra” pública após a deputada federal acusar o atual genro, Cristian Moraes, filho do deputado e líder do governo na Assembleia Legislativa, Manoel Moraes, de agressão física e abuso sexual contra as netas de 3 e 7 anos.


Os dois depoimentos foram dados na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente na Polícia Civil do Distrito Federal no dia 14 de junho deste ano. O primeiro depoimento foi da  filha menor de Gabriela, que tinha a época 3 anos, e é portadora do Transtorno do Espectro Autista (TEA).


Conforme o relatório assinado pela delegada Franciane Procópio de Almeida, a criança não mencionou ter sofrido nenhum tipo de violência. No entanto, por conta do autismo, não demonstrou compreender as instruções necessárias e esteve muito desconcentrada ao longo da oitiva.  A delegada afirma que a pouca da idade da criança dificultou uma melhor elucidação dos fatos.


A autoridade policial finaliza afirma o depoimento relatando que em virtude do TEA, não possível esclarecer se a criança foi ou não vítimas de alguma forma de violência e que outros meios de provas precisam ser considerados para  a definição do caso.


A filha mais velha de Gabriela Câmara, de 8 anos, também foi ouvida pela delegada em Brasília. Conforme o relatório policial, a criança demonstrou saber diferenciar situações, acontecimentos e soube apresentar narrativas satisfatórias, bastante elaboradas e contextualizadas e teria apresentado desenvolvimento verbal dentro do esperado para sua faixa etária.


Em seu depoimento, a criança alegou que a mãe e o padrasto brigam, mas que nunca presenciou agressão física de Cristian contra Gabriela. “Foi só deles falando…”, afirmou no depoimento.


Em relação à mancha roxa na irmã mais nova que Antônia Lúcia afirma que teria sido uma agressão física de Cristian, a criança negou. “Mas isso é mentira. A vovó fica inventando isso pra gente não querer mais ir morar no Acre”. Em relação à viagem para Brasília, a criança relatou: “Eu fiquei implorando pra mamãe e ela também ficou…(referindo-se à avó materna). Aí a mamãe deixou. Daí a gente viajou…Aí a vovó descobriu (apontou para a coxa) e não levou mais a gente…” (referindo-se ao roxo da perna da irmã) “É, mais eu tentei explicar pra ela…Mas ela disse que fez teste de DNA e que tinha aparecido que foi o Cristian que bateu nela…Mas é mentira”.


No inquérito, foi ouvido José Makive Tavares da Silva, professor de natação da criança, que confirmou que durante uma aula de natação na piscina do condomínio onde as crianças moravam em Rio Branco, a irmã menor escorregou e bateu na borda da piscina, provocando um machucado.


A criança também foi perguntada se Cristian batia nela e na irmã sem ser de brincadeira. “Não. Nunca. Só a minha mãe. Ele não pode. Ele não tem autoridade…Ele não é meu pai….É que ele não tem autoridade pra me bater”. A criança disse que quem batia nela e na irmã sem ser de brincadeira eram seus genitores, afirmando que recebia “bolo” da mãe com a chinela e que o pai a batia com as mãos “por ser mais forte”.


No depoimento, a filha de Gabriela Câmara relata que Cristian mordeu seu bumbum, da irmã e da mãe em uma brincadeira. Disse também que o padrasto mordeu seu nariz e da sua mãe até retirar a maquiagem de sua genitora e que ficou “engraçado”. À delegada, a criança disse que Cristian não mordeu em outra parte e que todas estavam vestidas e que o padrasto deu três tapas em sua região glútea e disse que Cristian fez isso “brincando” e que as brincadeiras teriam acontecido mais de uma vez.


Ainda sobre o assunto, a menina disse que não gosta da brincadeira e que nem a irmã  e nem a mãe também gostam e que Gabriela disse isso à Cristian. Perguntada acerca das percepções da criança sobre morar com a mãe e com Cristian respondeu: “Eu achava ele mais ou menos legal, porque ele me levava para Colônia para brincar com o meu amigo Abraão”. Questionada se Cristian já tinha feito algo que não gostava, a criança negou. A neta de Antônia Lúcia disse ainda no depoimento que apenas seu pai, sua mãe e a babá lhe davam banho e que nunca tinha tomado banho com Cristian.


Durante o depoimento,  a criança foi perguntada se tinha medo de alguém. Ela respondeu que tinha medo do avô, o deputado federal Silas Câmara. “Tenho medo do meu avó, porque ele já me deu uma lambada…De cinto….é porque eu não tava querendo me comportar na hora da oração, daí ele me deu uma lambada”.


Com base nos depoimentos das crianças, babás e de Cristian e Gabriela Câmara, a delegada Carla Fabíola Coutinho Costa, decidiu, no último mês de setembro,  pelo arquivamento do caso. “No caso em questão, foi comprovado através de depoimentos de testemunhas que o hematoma da criança foi em decorrência de uma queda na piscina, não tendo relação com maus-tratos. Com relação às mordidas nas nádegas por algumas testemunhas e inclusive pela irmã mais velha, apesar de ser uma brincadeira de extremo mau gosto e fora do contexto, não vislumbro maus-tratos nem algo de cunho sexual, pois a própria criança mais velha e testemunhas disseram se tratar de algo jocoso. Diante dos fatos apurados, tanto pelas declarações de Maria  Antônia, como depoimento de testemunhas, não foi  identificado possível prática de crime em face das vítimas”, conclui a delegada Carla Fabíola Costa, pedindo o arquivamento da denúncia.


No entanto, a delegada pediu para que a polícia continue com as investigações sobre o suposto abuso de uma criança que seria vizinha das filhas de Gabriela. Sobre este caso específico, Cristian Moraes nega, afirma que se trata de mais uma armação da deputada federal Antônia Lúcia. Não foi possível obter mais informações até o momento, já que o caso corre em segredo de justiça.


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