No entorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a informação que circula é a de que o voto do líder do governo Jaques Wagner (PT), a favor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que proíbe decisões individuais do Supremo Tribunal Federal (STF), era de conhecimento prévio do Palácio do Planalto.
Segundo fontes do governo, presidente e ministros sabiam que Wagner poderia votar num gesto interpretado como um sinal de boa vontade a Pacheco, que tem, ainda este ano, a missão de fazer andar pautas econômicas e a sabatina do próximo Procurador-Geral da República.
Na ofensiva do Senado contra o Supremo, o governo tem se mantido neutro. Para isso, liberou voto dos senadores na votação de ontem, mas sob o combinado de “socorrer” o quórum, caso fosse necessário. A PEC, que precisava de 49 votos, foi aprovada com 51.
Ministros do Supremo veem “traição” do governo em aprovação de PEC e dizem que “lua de mel acabou”
Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) viram “traição” do governo Lula na aprovação da PEC e dizem, nos bastidores, que “acabou a lua de mel” com o Palácio do Planalto.
À CNN, um magistrado afirmou, em caráter reservado, que o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), desempenhou um “papel lamentável” na sessão de quarta-feira (22).
A avaliação de integrantes do Supremo é que, embora tenha dito que o governo não emitiria posição sobre a proposta, Wagner deu sinal verde à base governista ao declarar voto favorável ao texto.
O resultado da sessão mostrou que senadores alinhados ao Planalto foram fundamentais para que a PEC tivesse 52 votos — três a mais do que o mínimo necessário.
De acordo com relatos feitos à CNN, a posição favorável de Wagner à PEC provocou a ira dentro do Supremo. Ministros chegaram a ligar para o time palaciano e para senadores que estavam no plenário em busca de explicações.
A avaliação no Supremo é que, agora, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), deve deixar a proposta na gaveta.