O fundador da FTX, Sam Bankman-Fried, foi considerado culpado na quinta-feira (3) por roubar clientes da corretora de criptomoedas em colapso. Essa foi uma das maiores fraudes financeiras já registradas, um veredicto que consolidou a queda do ex-bilionário de 31 anos.
Um júri de 12 membros no tribunal federal de Manhattan condenou Bankman-Fried em todas as sete acusações após um julgamento de um mês no qual os promotores argumentaram que ele roubou US$ 8 bilhões (R$ 40,2 bilhões) dos usuários da FTX por pura ganância.
O veredicto veio apenas um ano após a FTX ter feito um pedido de recuperação judicial em um rápido colapso corporativo que chocou os mercados financeiros e apagou sua fortuna pessoal estimada em US$ 26 bilhões (R$ 130,5 bilhões).
O júri chegou ao veredicto após pouco mais de quatro horas de deliberações. Bankman-Fried, que havia se declarado inocente de duas acusações de fraude e cinco acusações de conspiração, ficou de frente para o júri com as mãos cruzadas à sua frente quando o veredicto foi lido.
A condenação foi uma vitória para o Departamento de Justiça dos EUA e Damian Williams, o principal promotor federal em Manhattan, que fez da erradicação da corrupção nos mercados financeiros uma de suas principais prioridades.
“O setor de criptomoedas pode ser novo, os participantes como Sam Bankman-Fried podem ser novos, mas esse tipo de fraude é tão antigo quanto o tempo e não temos paciência para isso”, disse Williams a jornalistas.
Outrora o queridinho do mundo das criptomoedas, Bankman-Fried — conhecido por seu cabelo cacheado despenteado e por usar shorts e camisetas em vez de trajes de negócios — junta-se a pessoas como Bernie Madoff, que admitiu um esquema de pirâmide, e Jordan Belfort, fraudador de “O Lobo de Wall Street”, como pessoas notáveis condenadas por grandes crimes financeiros nos EUA.
O juiz distrital dos EUA, Lewis Kaplan, marcou a sentença de Bankman-Fried para 28 de março de 2024. O graduado do Massachusetts Institute of Technology poderá enfrentar décadas de prisão.
O advogado de defesa, Mark Cohen, disse em um comunicado que estava “desapontado”, mas que respeita a decisão do júri. “O Sr. Bankman-Fried mantém sua inocência e continuará a combater vigorosamente as acusações contra ele”, disse ele.
Bankman-Fried deverá ser julgado em março próximo por um segundo conjunto de acusações apresentadas pelos promotores no início deste ano, inclusive por supostas conspirações de suborno estrangeiro e fraude bancária.
Os promotores disseram durante o julgamento que Bankman-Fried desviou dinheiro da FTX para seu fundo de hedge (que funciona como investimento de proteção ao risco) focado em criptomoedas, a Alameda Research, apesar de proclamar nas mídias sociais e em anúncios de televisão que a corretora priorizava a segurança dos fundos dos clientes.
A Alameda usou o dinheiro para pagar credores e fazer empréstimos a Bankman-Fried e outros executivos — que, por sua vez, fizeram investimentos de risco e doaram mais de US$ 100 milhões (R$ 501,9 milhões) para campanhas políticas dos EUA em uma tentativa de promover a legislação de criptomoeda que o réu considerava favorável a seus negócios, de acordo com os promotores.
Bankman-Fried está preso desde agosto, depois que Kaplan revogou sua fiança, concluindo que ele provavelmente manipulou testemunhas.
Por Reuters