O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), afirmou nesta terça-feira (28) que o governo estuda uma renegociação de dívidas para empresas inadimplentes, a exemplo do Desenrola Brasil, programa voltado a pessoas endividadas.
Um programa do tipo poderia beneficiar mais de 6 milhões de empresas. Dados mais recentes do Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa Experian mostram que, em setembro deste ano, 6,6 milhões de companhias estavam endividadas, 300 mil a mais que no mesmo período do ano passado, somando o equivalente a R$ 122,2 bilhões em dívidas.
Apesar da afirmação de Alckmin, o vice-presidente não deu mais detalhes sobre como funcionaria o programa para as empresas.
“Um ciclo de elevação da inadimplência acaba tornando os bancos mais seletivos e rigorosos na concessão de crédito. O crédito encarece, os spreads bancários aumentam, a economia começa a patinar e pode até mesmo entrar em recessão”, explica o economista Luiz Rabi, da Serasa Experian.
Os números do Serasa também mostram os segmentos de atuação das empresas negativadas e o setor de serviços lidera o ranking:
Serviços 54,4%
Comércio 36,7%
Indústria 7,6%
Primário 0,9%
Outros 0,4%
Atualmente voltado a pessoas físicas, o programa foi lançado em julho e possibilitou que mais de 3 milhões de brasileiros renegociassem cerca de R$ 246 bilhões em dívidas. Segundo números do governo, os principais bancos do país ainda retiraram automaticamente 10 milhões de registros de negativação de pequenas dívidas, com valor de até R$ 100.
Uma iniciativa semelhante voltada para o setor corporativo pode ser positiva para as empresas, mas seria necessário criar bons critérios de seleção, destaca Fábio Pina, assessor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomércioSP), acredita que programas como o Desenrola podem ser positivos para as empresas, mas que seria necessário criar bons critérios de seleção.
“Programas de resgate financeiro são bons desde que pessoas não sejam endividadas compulsivas e que empresas tenham viabilidade econômica. Então você resgata uma empresa que mantém empregos, você salva a empresa e salva empregos”, explica o assessor.
Uma alternativa, na visão do Fábio, seria escolher empresas por setores que, em relação ao faturamento, geram mais empregos.
“Criar critérios para que não se salve empresas que não tenham nenhuma chance de sobreviver lá para frente, para não jogar dinheiro fora”, diz Pina.