Enquanto Donald Trump luta para defender o seu império empresarial em um tribunal de Nova York, o ex-presidente dos Estados Unidos sofreu outro golpe: deixou a lista dos 400 americanos mais ricos feita pela Forbes.
Isso significa que, pela segunda vez em três anos, Trump não conseguiu figurar nos ranking pelos quais há parecia obcecado há muito tempo — tendo sido acusado, inclusive, de mentir sobre sua riqueza para isso.
Ao contrário das fortunas constantes ou crescentes dos líderes da Forbes 400, Elon Musk, Jeff Bezos e Larry Ellison, o patrimônio líquido de Trump sofreu um impacto grande.
Isto ocorre em momento em que ele enfrenta acusações civis e criminais, incluindo um julgamento por fraude civil em andamento em Nova York. Vários outros julgamentos estão agendados para o próximo ano.
A queda no patrimônio líquido de Trump foi impulsionada por dois fatores centrais: tanto a sua plataforma de rede social quanto seus edifícios de escritórios perderam valor, segundo a Forbes.
Trump lançou o Truth Social em fevereiro de 2022, imaginando-a como uma ameaça real ao Facebook e ao Twitter. Entretanto, o site ainda não “decolou”.
Nos Estados Unidos, a Truth Social tinha cerca de 738 mil usuários ativos por mês nos sistemas iOS e Android em agosto, abaixo dos quase 1,3 milhão em dezembro passado, segundo a Similarweb.
Isso representa menos de 1% dos usuários de iOS e Android que usaram o X (anteriormente conhecido como Twitter).
É por isso que a Forbes reduziu em 90% o valor estimado da participação de Trump na Truth Social, de US$ 730 milhões há um ano para menos de US$ 100 milhões agora.
O plano da Truth Social de conseguir centenas de milhões de dólares através de uma fusão com uma empresa de cheques em branco foi paralisado por um escrutínio legal e regulamentar durante dois anos.
Império imobiliário em queda
O império imobiliário de Trump – cujo valor foi considerado inflacionado por Trump e seus filhos mais velhos, segundo um juiz de Nova York – também está sendo pressionado.
Prédios de escritórios vazios causaram estresse financeiro no mercado imobiliário comercial. O trabalho remoto pode desvalorizar os escritórios no mundo todo em US$ 800 bilhões, segundo estimativas do McKinsey Global Institute.
Na cidade de São Francisco, onde Trump tem negócios imobiliários, foi especialmente atingida pela turbulência no setor. Uma série de redes deixaram recentemente São Francisco, incluindo Whole Foods, Target, Nordstrom e, mais recentemente, Starbucks.
A Forbes estima que o valor da participação de Trump no 555 California Street, um arranha-céu de 52 andares anteriormente conhecido como Bank of America Center, caiu 30%.
Manhattan também enfrenta excesso de espaço para escritórios, à medida que os patrões lutam para atrair os trabalhadores de volta ao trabalho presencial.
A participação de Trump no 1290 Avenue of the Americas, um edifício de escritórios no centro de Manhattan, perdeu cerca de US$ 60 milhões em valor, segundo a Forbes.
Notícias financeiras não são totalmente ruins para Trump
Mesmo com as notícias ruins sobre alguns de seus negócios, os campos de golfe de Trump apresentam bom desempenho.
A Forbes estima que o bem mais valioso do ex-presidente – seu dinheiro – é de US$ 426 milhões, depois da venda de livros, dos discursos e da conclusão de uma série de negócios nos últimos anos.
Trump também deixou a lista da Forbes 400 em 2021 e em 1990, quando enfrentou graves problemas financeiros. O Trump Taj Mahal pediu falência em 1991, seguido pela Trump Castle Associates no ano seguinte.
É importante notar que as classificações anuais de bilionários estão longe de ser uma ciência exata. Elas se baseiam em estimativas e projeções.
Como observa a revista, Trump “mentiu” para a revista para chegar à Forbes 400.
“Ele conseguiu dividir um lugar na primeira lista, em 1982, com seu pai, Fred Trump, ao convencer um repórter de que detinha uma porcentagem maior da fortuna de Fred do que realmente detinha”, escreveu a Forbes.
Um antigo repórter da revista alegou em 2018 que, na década de 1980, Trump fingiu ser um executivo da Organização Trump chamado John Barron, falando em nome de Trump para mentir sobre a sua riqueza.
“Ele descobriu o que tinha que fazer para me enganar e entrar nessa lista. E ele fez isso muito bem”, disse Jonathan Greenberg, ex-repórter da Forbes, à CNN.