Em 31 de outubro de 2002, Suzane von Richthofen, à época com 18 anos, orquestrou e participou do assassinato dos próprios pais — Manfred e Marísia von Richthofen —, mortos a pauladas enquanto dormiam. A prisão definitiva de Suzane veio em 2004, após o julgamento. Entre 2015 e 2016, conseguiu progressão ao regime semiaberto. Em janeiro deste ano, passou a cumprir pena em regime aberto. Aos 39 anos e grávida de uma menina, a paulista nunca visitou o túmulo dos pais, enterrados no Cemitério do Redentor, em Sumaré.
Biógrafo e autor do livro “Suzane: Assassina e Manipuladora”, o jornalista Ullisses Campbell diz que Suzane nunca teve nenhum tipo de “ritual” ou hábito que remetesse ao aniversário de morte ou à memória dos pais. Do contrário, sempre se colocou em lugar de distanciamento quando o assunto é a madrugada daquele 31 de outubro.
— A Suzane sempre tratou o crime, desde a época que cometeu, como se fosse algo que não tivesse nada a ver com ela. Ela fala do crime como se tivesse sido cometido pelos irmãos Cravinhos, como se ela não tivesse feito parte dele. Então é tudo em terceira pessoa. Ela se refere aos pais como se não tivesse matado — explica Campbell.
O jornalista lembra que, em entrevista, Suzane chegou a dizer que sonhava com a mãe. Segundo ela, Marísia atuava como sua “protetora” dentro do presídio de Tremembé, onde esteve presa por quase 20 anos.
— O aniversário do crime passa em branco para ela. Nunca foi nem visitar o túmulo dos pais. Teve uma época que atrasaram o pagamento do IPTU da sepultura e a prefeitura colocou até para leilão. Só que aí alguém da família foi lá e pagou no último segundo da prorrogação, e aí o túmulo não foi a leilão — lembra o biógrafo.
Gravidez e relacionamento
Em setembro deste ano, o autor da biografia de Suzane von Richthofen revelou que ela está grávida. A gravidez teria sido confirmada por pessoas próximas a Suzane e da família do pai da criança. A criança é fruto do relacionamento com o médico Felipe Zecchini Muniz, de 40 anos. Os dois teriam se conhecido pelo Instagram e passado a morar juntos na casa dele, num condomínio do município de Bragança Paulista, em São Paulo.
Felipe tem a guarda das filhas de seu relacionamento anterior. Durante dez anos, ele manteve união estável com a também médica Sílvia Constantino Franco, de 44 anos, e os dois tiveram uma separação conturbada. Silvia conta que, se sentindo fragilizada, cedeu os cuidados das filhas ao ex-marido, mas agora, assustada com a convivência delas com Suzane, decidiu brigar na Justiça para retomar a guarda.
‘Esperta e dedicada’
Cursando biomedicina em uma universidade particular de Itapetininga (SP), Suzane apareceu, em junho, na lista de candidatos de um concurso polêmico para o cargo de telefonista da Câmara Municipal de Avaré (SP). De acordo com informações do G1, ela se inscreveu para vaga de telefonista, cujo salário é de R$ 5.626,33.
Suzane von Richthofen é uma aluna dedicada e inteligente, segundo relatos de um jovem que estudou com a paulista no último semestre letivo de 2022. Ao GLOBO, o rapaz, que prefere não ser identificado, contou que cursou disciplinas com ela logo que ingressou na universidade, e disse que Richthofen é conhecida por ser excelente aluna.
— Ela sentava na frente, prestava bastante atenção e é esperta. Também é quieta, sentava sozinha, mas tinha algumas amigas nos corredores — conta.
Apesar de quieta, ele conta que ela costuma interagir com professores e demonstra rapidez durante as provas e trabalhos da graduação.
— Ela terminava uma prova em menos de cinco minutos. Todo mundo terminava as provas em uns 40 minutos, e ela em menos de cinco — diz.
O crime
Suzane von Richthofen cumpre pena pelo assassinato dos pais em 2002. Manfred e Marísia von Richthofen foram mortos a pauladas enquanto dormiam. O crime foi cometido pelos irmãos Daniel e Cristian Cravinhos, à época namorado e cunhado de Suzane.
Ela foi chegou a ser presa em 2002, mas depois foi posta em liberdade e presa definitivamente em 2004 após o julgamento. Ela foi julgada e condenada a 39 anos de prisão pelo crime.
Desde 2006, cumpre pena na Penitenciária Feminina de Tremembé por segurança. Em 2015, ela conseguiu progressão ao regime semiaberto. Ela deixou a prisão em saída temporária pela primeira vez em março de 2016.