Preço médio do milho caiu quase 32% no Acre entre 2017 e 2023

Um dos cereais mais cultivados no mundo e produto estratégico para a segurança alimentar humana, o milho sofreu uma queda nos preços de quase 32% entre setembro de 2017 e setembro deste ano no Acre. A explicação para essa redução seria o aumento na produção no período avaliado pelos professores da Fundação de Apoio e Desenvolvimento ao Ensino, Pesquisa e Extensão Universitária no Acre (Fundape) da Universidade Federal do Acre (Ufac). A produção, rendimento, preço médio, colheita e plantio do milho são abordados no último capítulo do 4º Boletim de Conjuntura Econômica do Fórum Empresarial de Inovação e Desenvolvimento do Acre.


Todas as informações e dados da pesquisa podem ser conferidos no estudo completo.


Conforme o levantamento, o produtor de milho vendia a saca de 50 quilos a R$ 70,41 em setembro de 2017 no estado acreano. No mesmo período deste ano, a saca saiu por R$48. No Brasil, os preços mínimos são fixados pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), com base na proposta enviada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Para o estudo, o doutor em economia e professor da Ufac Elyson Souza, que compõem o grupo especialistas da Fundape que elabora as pesquisas, utilizou os dados disponibilizados pela Conab.


O professor exemplifica a redução. “Isso representa uma queda de 31,83% na saca de 50 quilos, então, a gente nota que a queda no preço pode ser justificada na oferta do milho aqui na região, considerando que a produtividade de milho no Acre aumentou. Por ter mais milho disponível, os preços caem. É preciso nesse momento, fazer uma política de estoque do cereal, então, uma das alternativas interessante seria a construção de silos graneleiros para estocar o produto e esperar vender o milho a preços melhores”.


O estudo destaca que houve um aumento de mais de 43% na produção de milho no Acre entre 2015 e 2022, quando a quantidade de cereal coletada aumentou de 94.483 para 135.276. “Em função dessa produtividade, foi possível aumentar o rendimento considerando que a área plantada diminuiu. É importante dizer que esse aumento de produtividade gerou um excesso de oferta do produto, o que vai fazer também com que os preços caiam e é importante desenvolver políticas de armazenagens do cereal, em silos graneleiros, para que possam ser comercializados quando os preços estiverem melhores aos produtores”, destaca.


Se por um lado houve aumento na produtividade, o estudo aponta redução de áreas plantadas. O Acre está localizado numa região de planícies com baixas altitudes, temperaturas médias elevadas e altas precipitações pluviométricas durante o período da colheita. Esta situação gera uma condição adversa para a produção de milho. Grande parte do milho do estado é produzida nas pequenas propriedades onde também ocorre o maior consumo dessa produção.


“Sendo assim alguns fatores estruturais podem afetar o desempenho da produção do cereal aqui no estado. Podemos citar o desgaste do solo, dificuldades logísticas de transporte e armazenamento e comercialização do produto. Há ainda os custos produtivos e a questão de preços, tanto no mercado internacional quanto local. É preciso adotar, então, algumas políticas para recuperar áreas degradadas e ter contínuas práticas de assistência técnica e extensão rural, além, claro, de melhorar a faixa viária para o transporte da produção e acesso aos mercados”, frisa o professor.


No Brasil, os maiores produtores de milho são os estados do Mato Grosso e Goiás, sendo assim, as cidades desses estados ficam entre as mais produtivas do país. As justificativas apontadas para tal desempenho são ligadas aos investimentos em tecnologia utilizada no campo, uma malha rodoviária de qualidade, o reforço nos modais de transportes hidroviário e ferroviário.


Mesmo com aumento na produção no Acre, o estudo chama a atenção para a necessidade de contínua incorporação de progresso tecnológico na produção de milho no estado, políticas de assistência técnica e extensão rural, melhoria da faixa viária para escoamento e acesso aos mercados e, acima de tudo, um acompanhamento com aqueles que mais produz, o produtor rural.


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