Desde que foram inventados, há mais de quatro mil anos, os sinos são usados para chamar atenção ao comunicar algo importante. Historiadores dizem que, no início, o objeto tinha a função de marcar as horas e avisar aos trabalhadores que a jornada de trabalho havia terminado.
Para Lucas Buriti, de 11 anos, as badaladas também serviram para anunciar o fim de uma jornada. Ao tocar o sino do Hospital da Criança do Grendacc, em Jundiaí (SP), ao lado da família e de toda a equipe da unidade, o menino anunciou, com lágrimas nos olhos, que vencia a “luta” contra a leucemia, uma “batalha” que durou quase três anos.
Diagnóstico e tratamento
A mãe de Lucas, Nágela Gonzaga Dias Esplendore, contou ao g1 que os sintomas do filho começaram em novembro de 2020, quando ele tinha apenas oito anos. O primeiro sinal notado pela família foi a febre constante. O menino foi levado ao hospital, mas os exames não acusavam nenhuma alteração.
“Foram semanas e mais semanas de investigação, até que ele precisou ir para o Grendacc para fazer um exame que era a última tentativa de descobrir um diagnóstico. Quando o resultado chegou, foi o pior dia da minha vida. Me disseram que ele estava com Leucemia Linfoide Aguda tipo B. Perdi meu chão”.
Desde então, a família passou a viver boa parte dos dias no Grendacc, acompanhando o tratamento de Lucas. Segundo a mãe, o filho enfrentou muitas dificuldades durante a recuperação, como contrair Covid-19.
“Além da Covid, ele teve uma bactéria que fez ele reter muito líquido e ficar todo inchado, precisou ir para a UTI e usar respirador. Ele não respondia bem aos medicamentos e estava muito fraco para passar por cirurgias naquele momento”, relata.
“Segurei a mão dele, ajoelhei e disse que aceitaria o que fosse da vontade de Deus. Naquela mesma noite, o Lucas começou a reagir aos medicamentos e o tratamento evoluiu. Passamos praticamente todo o ano de 2021 dentro de um hospital, mas Deus devolveu meu filho”, disse a mãe.
Para animar o menino, a família também fez uma campanha para conseguir comprar uma bicicleta, um presente que ele já havia pedido aos pais.
A oncologista pediátrica do Grendacc Arianne Casarim ressaltou que Lucas está muito bem de saúde, com exame negativado para a doença, e vai seguir em acompanhamento no hospital, a princípio, uma vez por mês.
“Este momento é um marco para simbolizar esse final de tratamento e mostrar que a vida continua, que ele está bem”, ressaltou.
A “jornada” de Lucas continua, mas agora a missão mais importante da vida do menino é ser o irmão mais velho do trio de irmãos. Isso porque Nágela, a mãe de Lucas, está grávida de nove meses de uma menina.
Familiares de Lucas e equipe do hospital participaram da celebração simbólica do menino — Foto: Divulgação
Apoio da família
O menino contou com apoio dos familiares ao longo de todo o tratamento. Tios, primos, avôs, mãe, pai e irmão não deixavam de visitá-lo durante seus dias no hospital. E, na hora de tocar o sino, não foi diferente: a família esteve ao lado dele para celebrar o momento de vitória.
‘Vontade de Deus’
Acompanhando de perto o sofrimento do filho na UTI, Nágela conta que pediu para que Deus fizesse o melhor pelo menino e rezou para que o sofrimento dele acabasse.