O dólar fechou esta terça-feira (24) em queda pela 4ª sessão seguida. O movimento reflete o maior apetite por risco a nível global, em meio ao aumento dos esforços diplomáticos no Oriente Médio e às expectativas por novas sinalizações de juros nos Estados Unidos.
O cenário político doméstico também ficou no radar, na medida em que investidores aguardam a votação dos projetos de taxação de fundos exclusivos e offshore pela Câmara dos Deputados.
Veja abaixo o dia nos mercados.
Dólar
Ao final da sessão, o dólar recuou 0,47%, cotado a R$ 4,9927, renovando o menor patamar em quase um mês.
No dia anterior, a moeda norte-americana fechou o dia com baixa de 0,27%, vendida a R$ 5,0164. Com o resultado de hoje, passou a acumular perdas de:
- •0,75% na semana;
- •0,68% no mês;
- •5,41% no ano.
Já o Ibovespa fechou em alta de 0,87%, aos 113.762 pontos.
O movimento veio na esteira do maior apetite por risco global e se apoiou nos ganhos firmes das ações da Vale. Os papéis da mineradora têm grande participação no índice e subiram nesta terça-feira, acompanhando a alta dos preços do minério de ferro no exterior.
Na véspera, o índice fechou com baixa de 0,33%, aos 112.785 pontos. Com o resultado de hoje, passou a acumular:
- • alta de 0,54% na semana;
- • queda de 2,40% no mês;
- • ganho de 3,67% no ano.
O que está mexendo com os mercados?
A guerra entre Israel e Hamas continuou na mira dos investidores nesta terça-feira. Para além de todos os danos humanitários, o mercado segue receoso dos eventuais impactos que uma escalada do conflito possa causar no preço do petróleo e na dinâmica de inflação global.
Isso porque, embora a área da guerra não tenha grandes reservas de petróleo, esse é um importante corredor logístico. Além disso, existe a preocupação de que outros países da região, que é uma das mais importantes produtoras da commodity no mundo, se envolvam no conflito, o que poderia afetar a exportação do produto.
Com menos petróleo em circulação, a tendência é de alta no preço. Assim, por ser a fonte de energia mais utilizada no mundo, as expectativas são que haja uma pressão inflacionária sobre diversas cadeias produtivas, justamente em um momento em que vários países lutam para combater a inflação.
A forma que os bancos centrais ao redor do mundo têm encontrado para frear a inflação é elevar as suas taxas básicas de juros — e é isso o que assusta os investidores.
Nos Estados Unidos, por exemplo, a expectativa fica pela próxima reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), prevista para a próxima semana. A projeção do mercado, no entanto, é que o BC da maior economia do mundo mantenha as taxas elevadas ainda por um longo período. Hoje, elas estão entre 5,25% e 5,50% ao ano.
Com juros mais altos, o rendimento dos títulos públicos norte-americanos também sobem, o que atrai um imenso fluxo de investidores, já que esses são considerados os ativos mais seguros do mundo.
Taxas elevadas por muito tempo também são prejudiciais para a economia real, já que os juros altos encarecem processos de tomada de crédito e financiamento, reduzindo o consumo da população e, muitas vezes, aumentando o endividamento. Assim, cresce a percepção de que o mundo pode passar por uma recessão em breve.
Dados na Europa ajudam a aumentar essa visão. A atividade empresarial da zona do euro, medida pelo Índice Gerente de Compras (PMI, na sigla em inglês) surpreendeu negativamente o mercado neste pregão.
O PMI preliminar da zona do euro caiu para 46,5 em outubro, em comparação com 47,2 em setembro, e foi ao nível mais baixo desde novembro de 2020.
Ainda na agenda, o mercado também repercutiu os resultados divulgados por empresas de diversos setores em vários países na temporada de balanços corporativos referentes ao terceiro trimestre deste ano.
Por aqui, as atenções ficaram voltadas para a votação dos projetos de taxação de fundos exclusivos e offshore na Câmara dos Deputados, que foi adiada para amanhã.