A dona de casa Ana Caroline Nogueira da Silva, 26 anos, grávida de 8 meses e 1 semana, deu entrada com dores e perda de líquido na Unidade Básica de Saúde (UBS) Vicente Varela, nesse final de semana. O local funciona de forma improvisada como Hospital em Porto Walter, interior do Acre.
A gravidez era de alto risco e a criança estava acima do peso, por isso, a família exigiu um encaminhamento para Cruzeiro do sul, já que em Porto Walter não são feitos partos cesáreos.
O pai de Ana Caroline, Luís Carlos Ferreira da Silva, afirma que o médico não deu atenção à situação e apenas falou para aguardar que iria pedir o encaminhamento ao TFD.
A família esperou o transporte que iria levar a gestante para Cruzeiro do sul, mas o avião não chegou e nessa segunda-feira, dia 4, com 5 centímetros de dilatação, foi feito um parto normal, complicado, segundo a família.
“Houve a troca de plantão e novo médico a avaliou e disse que ela não poderia ir mais para Cruzeiro do sul, pois já estava entrando ao trabalho de parto. Em Porto Walter, os profissionais não fazem cesárea e nem há estrutura para isso. Foi um parto normal muito difícil, a criança não saiu toda, o médico rasgou minha filha para tirar a bebê. O hospital não teve recurso na reanimação da criança, que acabou não resistindo e morreu”, conta o familiar, revoltado com o fato de a filha não ter sido transferida para Cruzeiro do Sul.
“O médico não fez o pedido ao TFD. O médico negou a chamar o transporte especializado para atender uma grávida de alto risco. Eles alegam que a criança nasceu morta, mas ela estava com batimentos e saturação, só que baixos. Perdi minha neta e quase perdi minha filha também. Há um grande descaso com a saúde pública em Porto Walter”, desabafa o avô.
O Hospital da Saúde da Família de Porto Walter, de responsabilidade do governo do Estado, via Sesacre, está em obras há mais de dois anos. O atendimento à população é feito na UBS Vicente Varela, da prefeitura, de forma improvisada, onde o parto foi feito.
A vereadora Cleide Silva, do PP de Porto Walter, gravou um vídeo dentro do Hospital, que está com obras paradas, e pediu ao governador Gladson Cameli a continuidade do serviço. “Eu ouço o clamor do povo de Porto Walter de ser atendido em um local adequado e digno”, pontuou.
Uma das responsáveis pelo Hospital de Porto Walter, identificada como Milena, disse que não poderia falar sobre o assunto.