As revelações da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), repercutiram no Congresso Nacional, em especial na agenda que estava prevista da CPMI do 8 de janeiro.
O presidente da comissão, deputado Arthur Maia (União-BA), afirmou que, “por Cid estar fazendo delação premiada, ele não deve retornar mais à CPMI”. “Se ele viesse à CPMI, ficaria calado, sob pena de anular tudo o que está fazendo na delação premiada”, afirmou Maia.
A previsão anterior era que Cid fosse ouvido na última semana de depoimentos da comissão, antes da apresentação do relatório final. O depoimento dele seria o penúltimo, antes do ex-ministro de Bolsonaro, Walter Braga Netto, também citado na delação e que, diante disso, teve seu depoimento adiantado para a próxima semana na CPMI.
A avaliação da base governista é que as informações da delação de Cid “esquentaram” a reta final da comissão parlamentar mista de inquérito.
Nos bastidores, aumentou a pressão para que o presidente paute requerimentos que pedem o Relatório de Inteligência Financeira (RIF) da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e de Jair Bolsonaro.
Maia, no entanto, afirmou que fará as votações dos requerimentos em bloco na sessão da próxima terça-feira (26) e que não há mais possibilidade de acordo entre oposição e base.
Fora da CPMI e ainda no Congresso Nacional, o líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu, ressaltou que as revelações da delação complicam a situação de Bolsonaro.
“É mais um fato que prova o quão criminoso foi o período Bolsonaro, um fato gravíssimo revelado, seguiremos lutando para que Bolsonaro seja denunciado, julgado e condenado pelos crimes praticados”, afirmou Dirceu.
Já aliados de Jair Bolsonaro estão majoritariamente em silêncio. Os que se manifestaram em reservado, minimizaram as últimas informações da delação de Cid.
Em nota, os advogados de defesa Bolsonaro alegaram que o ex-presidente “durante todo o seu governo jamais compactuou com qualquer movimento ou projeto que não tivesse respaldo em lei, ou seja, sempre jogou dentro das quatro linhas da Constituição Federal”.