O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quinta-feira (3), que deve definir na próxima semana, após a Cúpula da Amazônia, uma reforma na Esplanada dos Ministérios. “Eu não estou com pressa”, declarou Lula em entrevista a rádios da Amazônia.
Há uma expectativa que o presidente reajustará o desenho de seu governo para favorecer partidos do Centrão, como PP e Republicanos, em troca de apoio no Congresso Nacional. Lula deve conversar com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), nesta quinta, sobre as mudanças.
“Eu vou fazer ajustes no governo porque nós temos interesse de construir uma maioria para que, até o final de 2026, a gente já possa votar as coisas importantes de interesse do povo brasileiro”, afirmou o presidente.
“Por isso a troca de ministros não pode ser vista como uma coisa absurda, como uma coisa menor. É uma coisa muito importante, nós temos partidos importantes que querem participar do governo, que querem fazer parte da base do governo. Então nós vamos conversar com esses partidos”, acrescentou.
“Eu não estou com pressa, as pessoas sabem o que eu vou fazer e sabem que o presidente da República tem que tomar muito cuidado e muita responsabilidade. Porque, quando você mexe no tabuleiro, você não pode mexer em uma peça errada ou colocar uma peça errada”, continuou.
O presidente ainda afirmou que vai para o estado do Pará, onde deve participar da Cúpula da Amazônia, que reunirá representantes de 15 países em Belém, e definirá a reforma ministerial ao retornar, na semana que vem.
A avaliação de representantes de PP e Republicanos é que o grupo não pode aceitar um acordo com ministérios menores ou um pacote com cargos do segundo escalão, como aventado pelo time do presidente Lula.
Nos bastidores, as siglas usam como argumento o acordo feito por Lula com o senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que emplacou aliados na Esplanada. Citam ainda o fato de o PSB, que tem bancada com somente 15 deputados, ter representantes em três ministérios.
Do lado do PP, partido de Arthur Lira e que tem bancada de 49 deputados, a ideia é “não aceitar ouro de tolo”, diz um interlocutor do presidente da Câmara. O comando da Caixa e uma pasta do porte do Desenvolvimento Social são vistos como essenciais para que um entendimento deslanche.
Já do lado do Republicanos, a avaliação é que o desgaste com a base só se justifica com um ministério de fato importante. A legenda não vê interesse no comando do Ministério de Ciência e Tecnologia, por exemplo, e também não gosta da ideia de ficar com uma nova pasta, que poderia ser criada para cuidar de Pequenas Empresas, segundo integrantes do partido.
Segundo fontes do Congresso Nacional, a possibilidade de que Lula fale com o presidente da Câmara dos Deputados sobre o assunto durante as posses desta quinta foi informada ao Centrão por ministros do Palácio do Planalto.
Tentando acalmar os ânimos dos parlamentares, os ministros teriam ainda prometido que Lula conversará com líderes dos partidos antes da viagem do presidente ao Norte do país, marcada para sexta-feira (4).
Na terça-feira (1º), Lula participou de jantar com Zanin e com o ministro do STF Gilmar Mendes. De acordo com relatos de presentes, o petista se queixou de estar sendo pressionado a fazer mudanças na Esplanada dos Ministérios.