“Pix americano”: entenda como o “FedNow” funciona para brasileiros com conta nos EUA

O Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) iniciou no último dia 20 de julho as operações do sistema de pagamento instantâneo FedNow.


O serviço tem funcionamento similar ao Pix, o sistema brasileiro de pagamentos instantâneos, e promete agilizar significativamente o processo de transferência de dinheiro no país.



Os brasileiros que têm conta nos EUA também poderão utilizar o serviço, conforme a disponibilidade.


“Nesta primeira etapa, os brasileiros com conta nos EUA poderão utilizar o serviço dentro dos EUA”, afirma o COO e cofounder da plataforma de pagamentos RecargaPay, Gustavo Victorica.


No entanto, o especialista destaca que o FedNow ainda está em fase inicial e que apenas 57 instituições daquele país estão utilizando o serviço.


“Estamos nos primeiros dias. Por enquanto, eles estão testando o serviço apenas entre instituições. Mas, na prática, ele está bastante inspirado no nosso Pix, com funcionamento 24 horas por dia e 7 dias por semana”, afirma.


Para brasileiros que têm cadastro em bancos que possuem unidades em outros países, o serviço do FedNow para transferência entre contas não estará disponível, assim como o Pix.


“Mesmo que você tenha uma conta Santander, por exemplo, em vários países, essa transação não acontece. É preciso ir pela rede de Swift e voltar para a moeda local”, afirma.


Para Victorico, o modelo de Pix do Brasil é um dos mais bem-sucedidos do mundo e que, de certa forma, inspirou a criação do FedNow.


“O pessoal do Fed conversou com o BC durante a criação do serviço. Houve conversas internas. Além do Brasil, existem também outros grandes cases de sucesso, como o ‘UPI’, da Índia”, afirma.


Em seu terceiro ano de vida, o Pix já se tornou um dos meios de pagamentos mais usados pelos brasileiros — ultrapassando, inclusive, o dinheiro.


No que diz respeito às tarifas, Victorico explica que, por enquanto, o FedNow será um serviço gratuito.


“Não terão tarifas por enquanto, mas vamos ter que ver a evolução mais à frente. No Brasil, o Pix não é tarifado entre pessoas físicas, mas ele pode ser tarifado em operações entre pessoa física e jurídica”, explica.


Para o especialista, o grande sucesso do Pix no Brasil se deve ao fato de o BC tornar obrigatória a adesão ao sistema por todos os bancos. No entanto, ao menos por enquanto, FedNow é opcional para as instituições.


“Para garantir o sucesso da iniciativa, tornar o FedNow obrigatório aos bancos maximizaria as chances de sucesso do serviço”, avalia.


Victorico destaca que, no Brasil, a partir da implementação do Pix, várias fintechs passaram a desenvolver novos produtos a partir de um serviço que já era obrigatório, como o Pix Crédito. Para ele, o mesmo deve acontecer com o FedNow.


“Mesmo sem ter adesão obrigatória, tem casos muito interessantes para acontecer com o FedNow. As fintechs vão inventar produtos sobre o trilho e logo puxar isso para o mercado”, afirma.


Além disso, a expectativa é de que, assim como no Brasil, o FedNow ganhe espaço e consiga chegar a outros setores. “A grande diferença potencial é que o FedNow acesse todos os espaço e comece a penetrar no varejo”.


Transferências eram caras e burocráticas

Antes do FedNow, a vida dos americanos era complicada quando o assunto era transferência bancária.


“Para mandar uma transferência de contas próprias entre instituições financeiras, o prazo pode ser de até 72h”, afirma Victorico.


Ele explica que, apenas em alguns casos, o serviço não tem custo. “Mas, por padrão, o preço é de US$ 25 a US$ 30. É um serviço realmente caro e ineficiente”, diz.


Além do custo elevado, o serviço de transferência bancária é burocrático. “Não tem uma chave, como Pix. É necessário preencher um formulário, e tudo isso demora”.


O especialista destaca que, além da extinção do custo e da agilidade, o FedNow é mais seguro do que o Swift — nome do serviço de transferência internacional.


“No momento de criar a transação do FedNow, a plataforma nos dá os dados do favorecido. Hoje, no serviço do Swift, não. Você envia o valor e, caso haja erro, o banco retorna o dinheiro e te cobra novamente para reenviá-lo”, explica.


Victorico afirma que já existem alguns serviços de transferência instantânea nos EUA, como o “Zelle”. No entanto, a plataforma é de rede privada e não é aceita por todos os bancos.


“Um fator negativo é que o Zelle tem um valor limite para transação. Então, para valores muito elevados, o serviço pode não funcionar”, afirma.


Além disso, ele adiciona que, para que a transferência de dinheiro entre pessoas seja possível pelo Zelle, é preciso que os dois usuários tenham contas em bancos onde o serviço é aceito.


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