As filhas de Gugu Liberato, Marina e Sofia, procuraram o suposto irmão, Ricardo Rocha, para acelerar a realização do exame de DNA que pode confirmar, ou não, se o comerciante é filho do apresentador.
O contato foi realizado através do advogado Nelson Wilians, segundo ele “com o intuito de buscar uma solução rápida, a fim de evitar uma exposição desnecessária de suas clientes”.
Ao g1, o advogado de Ricardo Rocha confirmou que foi procurado por Wilians. Mas seu cliente prefere esperar.
“Sem que todas as partes ingressem no processo, não há como produzir qualquer prova. Quando for o momento processual adequado, mediante fiscalização do juízo, qualquer questão probatória será tratada dentro do processo, com a atuação direta das partes e seus advogados. Fora isso não há o que ser comentado”, disse.
O advogado de Ricardo não quis fazer mais observações sobre o cliente. “É uma questão que tramita em segredo de justiça, portanto devemos preservar a privacidade e intimidade das partes”.
Para Wilians, advogado das filhas, o resultado de um exame de DNA é irrefutável e poderia proporcionar uma conclusão célere e definitiva para o caso”. Segundo a família, a justiça ainda não fez a petição aos herdeiros para que o exame seja realizado.
Os três filhos do apresentador foram avisados da existência do suposto filho por um oficial de Justiça assim que entraram na 9ª Vara da Família durante audiência de 21 de junho sobre união estável. Na ocasião, a defesa das gêmeas informou, por meio de nota, que elas estavam dispostas a fazer o DNA. “Se for filho do Gugu, bem-vindo”, disse Wilians, advogado de Rose e das filhas.
O tempo para que todas as partes sejam notificadas sobre pedidos de DNA está dentro da normalidade, avaliou uma fonte do meio jurídico. “Tudo depende da Justiça”.
No dia 29 de junho, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) suspendeu a ação de reconhecimento de união estável de Rose Miriam Di Matteo com Gugu Liberato. A solicitação foi feita por Thiago Salvático, suposto namorado do apresentador de TV. A informação foi confirmada pelo advogado de Rose, Nelson Willians.
Com isso, as audiências previstas sobre o testamento devem ser interrompidas. A próxima audiência ocorreria no dia 3 de julho na 9ª Vara de Família e Sucessões do foro Central de São Paulo. O objetivo delas era concluir se Gugu e Rose Mirian, mãe de seus três filhos, tinham ou não uma união estável. A defesa afirmou que vai recorrer da decisão e disse que Salvático apenas tenta tumultuar e adiar o processo.
Quem é o suposto filho de Gugu
Ricardo Rocha, um comerciante de 48 anos de São Paulo, pode ser o quarto filho de Gugu Liberato, fruto de um relacionamento que o apresentador teria tido ainda adolescente na capital paulista nos anos 1970. Uma ação de investigação de paternidade após a morte corre pela Justiça e pede uma audiência de conciliação e um exame de DNA.
Os três filhos do apresentador foram avisados da investigação por um oficial de Justiça assim que entraram na sala da audiência na 9ª Vara da Família marcada para esta quarta-feira (21). Gugu morreu em 2019.
Ricardo foi localizado pelo g1 na quarta-feira (21), mesmo dia que os familiares de Gugu souberam de sua existência. O empresário do ramo automotivo afirmou que não poderia comentar o caso, por conta do segredo de Justiça. O advogado dele manteve a mesma posição. No entanto, falou que não teve a suposta paternidade escondida pela mãe.
“Sei desde criança. Tive uma oportunidade de ir conhecê-lo quando ainda era criança, por volta dos 10 ou 12 anos, mas eu não queria. E se tornou um tabu na minha família, de não querer falar sobre esse assunto. Sou uma pessoa meio reservada. Só fiz agora [a ação na Justiça] para tirar essa dúvida. Meu problema maior não é nem financeiramente. Meu problema é tirar essa dúvida. Tem essa questão de dinheiro por trás que envolve muita coisa, mas não é o meu caso.”
“Quem nunca quis ir atrás fui eu. Pela minha família, a gente teria feito isso desde criança”, completa.
O advogado Nelson Wilians, que defende Rose Miriam, mãe dos três filhos de Gugu, em ação sobre reconhecimento de paternidade, disse ao g1 que, se confirmada a paternidade, o testamento feito pelo apresentador em 2011 será invalidado.
“Ele precisa comprovar se realmente é filho do Gugu. Se isso acontecer, aquele testamento é anulado, provavelmente. Mas isso não impede o processo de reconhecimento de união estável da Rose”, disse.
Ricardo nasceu em outubro de 1974. À época, a mãe trabalhava como babá em São Paulo para uma família e teria conhecido Gugu em uma padaria, quando ainda não era apresentador de TV.
“Não tenho nada é esconder. Tenho uma vida normal como qualquer outro trabalhador. Então, pra mim é diferente. Não quero confusão. Eu não quero problema com ninguém, eu só quero só fazer o DNA e comprovar. Só isso”, afirmou Ricardo.
“O advogado Nelson Wilians, que representa as gêmeas Marina e Sofia, ainda está se inteirando sobre a ação de investigação de paternidade. Mas a princípio não há motivo de suas clientes se recusarem a colaborar com um pedido de realização de exame de DNA, caso seja pertinente perante a lei”, disse em nota.
Se conheceram em padaria
Segundo publicado pela Folha e confirmado pelo g1, a mãe do homem que se diz filho de Gugu teria conhecido o apresentador no segundo semestre de 1973. Na época, ele tinha 15 anos e ainda não trabalhava em televisão. Eles teriam se conhecido em uma padaria que existia na rua Aimberê, em Perdizes, na Zona Oeste da capital paulista.
À época, mãe dele trabalhava como babá e empregada doméstica na casa de uma família vizinha da padaria que era frequentada Gugu. O mesmo local era frequentado pela mulher.
Os dois teriam se aproximado. Houve uma amizade, passeios e um relacionamento. No fim de janeiro de 1974, a mãe de Ricardo acompanhou a família a qual trabalhava em viagem ao litoral de São Paulo, passou férias e voltou ao fim da temporada, quando notou a gravidez.
A mulher ficou meses trabalhando para a família até a gestação avançada, quando foi dispensada. Ela chegou a procurar Gugu na padaria onde se conheceram, mas perdeu o contato com ele.
Ricardo tem outros três irmãos e vive em São Paulo. A mãe dele está viva e teve outros três filhos.
Validade do testamento
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) confirmou a validade do testamento deixado pelo apresentador Gugu Liberato na terça (20). O documento originalmente não inclui a mãe dos filhos dele entre os herdeiros.
As filhas gêmeas do apresentador, Marina e Sofia, entraram na Justiça questionando a “redução testamentária para resguardar a parte do patrimônio (parte legítima) dos filhos (Marina, Sofia e João)”, segundo nota da defesa. Gugu também é pai de João Augusto Liberato.
A decisão foi tomada pela 3ª turma do STJ com o voto da ministra Nancy Andrighi, relatora do caso.
O colegiado do STJ entendeu que Gugu pretendeu dispor de todo o seu patrimônio, não somente a parcela disponível, excluindo os herdeiros naturais.
Wilians informou que respeita a decisão da 3ª Turma do STJ, mas irá recorrer.
“Os ministros decidiram reverter a correta decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo que havia reduzido a disposição testamentária, a fim de que o testamento deixado pelo apresentador Gugu Liberato respeitasse o disposto em Lei e na jurisprudência do próprio STJ. No testamento, ele dispôs de 100% da totalidade de seus bens, sem respeitar a parte legítima dos filhos.”
Ele disse ainda que o processo de reconhecimento de união estável, movido por Rose, não será alterado. Nesta quarta (21), está prevista uma nova audiência do caso.
Disputa do patrimônio
Gugu morreu em 2019, após um acidente doméstico na casa da família em Orlando (EUA) e, no testamento, assinado em 2011, o apresentador não reconheceu Rose Miriam – mãe de seus filhos – como companheira em união estável. Por conta disso, Rose entrou na Justiça para receber 50% do valor da herança.
A disputa dividiu a família do apresentador em dois lados:
João Augusto Liberato, filho mais velho de Rose e Gugu; a irmã de Gugu, Aparecida Liberato; e os sobrinhos, defendem que seja feita a vontade do pai e que a herança seja dividida conforme o testamento definiu;
Sofia e Marina, as filhas gêmeas de Gugu, apoiam a mãe, Rose Miriam, que tenta provar união estável com o apresentador para ter direito a metade da herança.
Feito em 2011, o testamento determina:
75% para os três filhos
25% para cinco sobrinhos
Pensão vitalícia de R$ 163 mil por mês para a mãe do apresentador, Maria do Céu Moraes, de 90 anos
A herança
O patrimônio deixado pelo apresentador é avaliado em R$ 1 bilhão, sendo que 75% seriam destinados aos filhos e o restante, 25%, aos cinco sobrinhos. Gugu nomeou a própria irmã, Aparecida Liberato, como responsável por cuidar de seu espólio.
Miriam entrou numa disputa judicial pela herança, e cobra recebimento de 50% do valor.
Enquanto as filhas saíram em defesa da mãe, o filho defende o testamento deixado pelo pai.
Rose também cobra na Justiça o pagamento de um valor que, segundo ela, lhe foi pago incorretamente após a morte de Gugu, referente à pensão que ela recebia.
Gugu repassava, em vida, US$ 10 mil mensais para que Rose Miriam cobrisse despesas pessoais dela e da casa da família em Orlando, nos Estados Unidos.
Em 2021, o Tribunal de Justiça de São Paulo determinou que o valor deveria ser mantido e pago pelo espólio do apresentador, mas Rose questiona o pagamento.
Rose não aparece no testamento e, segundo “O Globo”, só assinou documento renunciando à herança porque estava sob efeito de remédios, com um “quadro delirante”.
Gugu repassava em vida US$ 10 mil mensais para que a mãe de seus filhos cobrisse despesas pessoais e da casa da família em Orlando, nos Estados Unidos. Em 2021, o Tribunal de Justiça de São Paulo determinou que o valor deveria ser mantido e pago pelo espólio do apresentador.
Rose alega que a quantia não foi paga de maneira correta e cobra os valores. Ela também pede que a Justiça reconheça sua união estável com Gugu ao longo dos 20 anos em que viveram juntos.
Caso fique comprovada a relação estável de Rose com o apresentador, ela terá direito a metade da herança. Os outros 50% ficariam com os três filhos. Os cinco sobrinhos citados no testamento deixado por Gugu deixariam de ter direito ao patrimônio.