O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) abriu uma representação ética contra a campanha publicitária de 70 anos da Volkswagen, na qual a cantora Elis Regina, morta em janeiro de 1982, é trazida “de volta à vida” por meio de “ferramenta tecnológica e Inteligência Artificial (IA)”.
Na propaganda em questão, Elis aparece ao lado de sua filha, a também cantora Maria Rita. Elas cantam juntas a música Como Nossos Pais, passando uma ideia de que Elis estaria viva atualmente.
Segundo o Conar, a representação foi motivada por queixas de consumidores. “O Conar abriu hoje, 10 de julho, representação ética contra a campanha ‘VW Brasil 70: O novo veio de novo’, de responsabilidade da VW do Brasil e sua agência, AlmapBBDO, motivada por queixa de consumidores”, diz a nota enviada à CNN.
Ainda segundo o Conar, os consumidores questionam se é ético ou não utilizar IA com o objetivo da propaganda, apontando questões sobre o “respeito à personalidade e existência da artista, e veracidade”.
A questão deverá ser examinada à luz do Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária, em particular os princípios de respeitabilidade.
A representação ainda questiona se, com a propaganda da Volkswagen, há a possibilidade de causar confusão entre ficção e realidade para algumas pessoas, principalmente crianças e adolescentes.
A representação será julgada nas próximas semanas por uma das Câmaras do Conselho de Ética do Conar, garantindo-se o direito de defesa ao anunciante e sua agência. Em regra, o julgamento é efetuado cerca de 45 dias após a abertura da representação.
O Conar informa que aceita denúncias de consumidores, assim como outras manifestações sobre a peça publicitária, bastando que sejam identificadas. Em obediência à Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), a identidade dos denunciantes é protegida.
A CNN entrou contato com a Volkswagen e aguarda retorno sobre a questão.