Um ano após o crime apontado pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) como político, o policial penal bolsonarista Jorge Guaranho acusado de matar Marcelo Arruda, ex- tesoureiro do PT de Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, ainda não foi julgado.
Para a policial civil Pamela Silva, viúva do petista, a morte dele concretizou o “discurso de ódio” que vinha sendo propagado.
Ela afirma que o maior desejo da família é que a memória de Marcelo seja preservada com a devida punição ao assassino, que segundo Pamela, cometeu “violência política”.
“O assassinato do Marcelo concretizou o discurso de ódio que vinha sendo pregado nos últimos anos. Esperamos que o assassino tenha uma condenação máxima para mostrar para todos que violência política tem punição. […] O Brasil precisa virar essa página da violência política”, destacou a viúva.
O g1 tenta contato com defesa de Guaranho.
O caso ocorreu em 9 de julho de 2022, dia em que Marcelo comemorava, com familiares e amigos, o aniversário de 50 anos que tinha como temática o Partido dos Trabalhadores e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Como tudo aconteceu
Guaranho invadiu a festa e os dois tiveram uma discussão. Cerca de 10 minutos depois, o policial penal voltou ao local, armado, e disparou contra Marcelo, que revidou com arma que ele possuía por ser guarda municipal.
Marcelo foi socorrido, mas morreu na madrugada de 10 de julho de 2022.
Após o crime, Guaranho foi agredido por convidados presentes na festa de Marcelo. Ele foi internado e permaneceu em hospital de Foz do Iguaçu até ter alta e ser encaminhado ao Complexo Médico-Penal de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, onde está preso desde agosto de 2022.
Ele é réu por homicídio duplamente qualificado por motivo fútil perigo comum e irá a júri popular, conforme decisão da Justiça.
O júri ainda não possui data marcada porque tanto acusação, quanto defesa estão em fase de apresentar a Justiça as provas e testemunhas que irão compor o julgamento.
Marcelo deixou quatro filhos. Na época do crime, um deles tinha pouco mais de 40 dias.
Neste domingo (9) a família realiza um ato em memória a Marcelo na Praça da Paz.
Ano de lembranças e luta por justiça
As lembranças do dia que, há um ano iniciava festivo, ainda permanecem na memória de Pâmela. Ela, que é mãe dos dois filhos mais novos do petista, afirmou que recordar o crime e começar a data sem a presença do companheiro trás muita “tristeza e dor”.
“Relembrar o fato trágico nos traz muita tristeza e dor, por tantos momentos em família que lembramos: ‘ah, se o Marcelo estivesse aqui’. […] Eu não tenho palavras para esse momento, sinto que dói e que poderíamos estar novamente planejando outro momento (aniversário) dele e pra ele. Saber que faremos um evento, mas a motivação é o clamor por justiça pelo assassinato do Marcelo”, descreveu Pâmela.
Para ela, a luta por justiça é diária. Não apenas por Marcelo, mas para ela, os filhos, amigos e familiares que foram afetados pelo crime.
“Essa tragédia foi injusta com os filhos, com a família, com os amigos e principalmente com o próprio Marcelo. Que naquele dia saiu de casa para comemorar a vida. […] Então, ficamos com as lembranças, a dor e principalmente a luta por justiça”, afirmou Pâmela.