Chame de Beyflação ou talvez de Swiftflação. O custo de alguns bens está caindo em alguns lugares, mas a música ao vivo não entrou nesse movimento. O custo de ingressos para shows disparou, a ponto de economistas perceberem seu impacto.
Os fãs estão gastando uma fortuna em ingressos para ver os maiores shows musicais do mundo, que incluem nomes como Taylor Swift e Bruce Springsteen, que não faziam turnês há anos. E embora poucos duvidem do poder de Beyoncé como estrela em apresentações ao vivo, até agora as pessoas não a levavam em conta em números de inflação.
Os preços de lazer e cultura do Reino Unido aumentaram 6,8% no ano até maio de 2023, maior alta em 30 anos, com o maior efeito vindo de serviços culturais, “particularmente taxas de admissão para eventos de música ao vivo”.
Os preços dos eventos nos dados de inflação do Reino Unido são baseados em quando os shows acontecem, não em quando os ingressos são comprados. Mas com apresentações de diferentes artistas todos os meses, é difícil comparar um com o outro, disse um porta-voz do escritório nacional de estatísticas.
Uma leitura cuidadosa dos sites de compra de ingressos deixa claro a persistência do choque. No revendedor Stubhub, o assento mais barato para um show da Taylor Swift em julho em Seattle custa US$ 1,2 mil (R$ 5,7 mil); os ingressos para um show em agosto na Cidade do México custam US$ 500 (R$ 2,4 mil) cada.
“Tive que conseguir nove números de telefone para três contas diferentes na Ticketmaster com três cartões de crédito diferentes”, disse Joel Barrios, um fã de Beyoncé em Los Angeles. Ele gastou cerca de US$ 7 mil (33,6 mil) em três shows nos Estados Unidos para ele e amigos – bem como outros US$ 6,6 mil (R$ 32 mil) para vários shows na Europa.
Mas como a música ao vivo é apenas um subconjunto dos custos gerais de entretenimento, que correspondem a uma parte menor dos gastos do consumidor do que habitação ou alimentação, alguns questionaram a ideia de que os preços dos shows poderiam ter um efeito considerável sobre a inflação.
Andy Gensler, editor executivo da Pollstar, uma publicação que acompanha a indústria global de shows, disse ser uma “afirmação ridícula” que os shows de Beyoncé afetariam a inflação.
Embora os preços dos ingressos tenham subido, disse ele, os números do meio do ano não mostraram uma alta relevante desde maio de 2022, quando a inflação nos EUA era de 8,6%.
O Departamento do Trabalho dos EUA não mede especificamente a inflação dos preços de shows, mas a taxa de inflação para eventos de admissão ao vivo é atualmente 2,6 pontos percentuais mais alta que a inflação cheia dos EUA. Essa diferença aumentou este ano à medida que a inflação desacelerou.
Com a demanda excedendo em muito a oferta, o vice-presidente de pesquisa de ações da TD Cowen, Stephen Glagola, disse que os preços dos ingressos no mercado secundário dispararam em média de 75% a 100% acima do valor de face.