Após assumir durante um transmissão de rádio que financiou os atos golpistas do dia 8 de janeiro, o dono de uma rádio em Itapetininga (SP) se tornou alvo da 13ª fase da operação “Lesa Pátria”.
De acordo com a Polícia Federal, na manhã desta terça-feira (27), mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos nos endereços do empresário identificado como Milton de Oliveira Junior. As diligências foram autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal.
Em sua 13ª fase, a operação voltada para a identificação de possível financiador dos atos golpistas de 8 de janeiro, data em que o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal foram invadidos por bolsonaristas radicais que promoveram violência e dano generalizado contra prédios dos Três Poderes.
Quem é o radialista?
Milton de Oliveira Junior, alvo da operação desta terça-feira (27), é radialista e dono de emissora de rádio em Itapetininga.
Em uma entrevista a um jornal da cidade, Milton disse que começou a trabalhar em rádio aos 13 anos. Aos 19 começou também a atuar em emissoras de TV.
Milton também trabalhou com com propaganda em produtora. Em 2016, ele começou, com outro empresário, a montar a emissora de rádio que se filiou à rede Jovem Pan.
Em abril deste ano, durante o jornal na emissora de rádio dele, na época, afiliada da rede Jovem Pan, revelou que foi um dos financiadores dos ataques em 8 de janeiro.
O que disse o radialista?
Durante a transmissão ao vivo, em 20 de abril, Milton afirmou que financiou grupos golpistas para ir até Brasília. Ao vivo no programa “Manhã da Pan”, o radialista comentou que não tinha medo de seus atos e “que eu seja preso”.
A frase era direcionada à ex-prefeita da cidade e atual deputada federal, Simone Marquetto (MDB).
A fala do radialista foi direcionada a ex-prefeita de Itapetininga e atual deputada federal Simone Marquetto (MDP-SP), depois que a parlamentar deu uma entrevista a outro veículo de mídia sobre o assunto.
“Eu contribuí, deputada. Entrego o recibo pra senhora. Não tenho medo de assumir o que eu faço. Se eu tiver que ser preso porque ajudei alguns patriotas a irem para Brasília fazer protestos contra um governo ilegítimo, que eu seja preso, não há problema nenhum“, disse.
No dia 20 de abril, a Jovem Pan anunciou o rompimento do contrato com a afiliada de Itapetininga.
Fim do contrato
Em nota publicada em seu site, o grupo Jovem Pan informou o fim do contrato de filiação com a produtora DPV Limitada – Jovem Pan Itapetininga.
“A referida emissora exibiu conteúdo em sua programação e nas plataformas digitais que expõe a marca da Jovem Pan e viola cláusulas contratuais que têm como objetivo a preservação da marca e a reputação da Jovem Pan enquanto empresa de comunicação. A rede Jovem Pan SAT tem como premissa que as emissoras afiliadas, ainda que responsáveis pelo conteúdo que geram regionalmente, devem refletir os princípios e valores que o Grupo Jovem Pan defende há 80 anos”, informou o grupo.
“Quando essa postura não é observada, gerando prejuízo para a Jovem Pan enquanto instituição, nos obrigamos a adotar as medidas legais cabíveis com o rigor necessário”, completou.
A rádio continua funcionando, porém, como emissora local.
Perseguição
Após a repercussão do caso, em uma nota publicada nas redes sociais, o radialista alegou que estava sendo perseguido “por apenas apresentar a verdade baseada em fatos e por estar dando voz à população para que, cumprindo o direito de cidadão, possa agir respeitando sempre a constituição brasileira”.