Chefe de mercenários quebra silêncio e diz que não pretendia derrubar Vladimir Putin

Na primeira manifestação após o fim de um motim, o líder do grupo paramilitar Wagner, Yevgeny Prigozhin, disse, nesta segunda-feira (26), que a marcha em direção a Moscou, abortada após negociação com o governo russo, não tinha por objetivo derrubar o governo de Vladimir Putin, presidente da Rússia.


“O objetivo da marcha era evitar a destruição do ‘Wagner’ e responsabilizar os funcionários que, por meio de suas ações não profissionais, cometeram um grande número de erros”, disse o paramilitar em uma mensagem de áudio de 11 minutos, divulgada pelo Telegram.


Prigozhin afirmou ainda que recuou para “evitar um derramamento de sangue de soldados russos”.


Desde o fim da mobilização não se sabe a localização exata de Prigozhin. O acordo feito com o governo russo previa que ele viveria em exílio em Belarus.


O que causou a rebelião?

 


Há meses, Prigozhin vinha tendo desentendimentos com o Ministério da Defesa russo por conta da falta de armas e suprimentos de guerra para suas tropas.


A relação entre o chefe da organização paramilitar e o governo russo estremeceu ainda mais após um suposto ataque da Rússia contra acampamentos do grupo, que teria matado diversos integrantes do Wagner.


No início do mês, o Ministério da Defesa da Rússia disse que tropas voluntárias e grupos militares privados seriam obrigados a assinar um contrato com o governo. A medida não agradou os membros do Wagner.


Membros do Grupo Wagner invadem Rostov, na Rússia, em 24 de junho de 2023 — Foto: REUTERS/Stringer

Membros do Grupo Wagner invadem Rostov, na Rússia, em 24 de junho de 2023 — Foto: REUTERS/Stringer

Na última sexta-feira, depois de meses de cobranças e críticas ao Ministério da Defesa russo, Prigozhin decidiu subir o tom e chama a versão do Kremlin para a guerra na Ucrânia de “mentiras inventadas”. O líder também acusou o ministro da pasta, Serguei Shoigu, de ter ludibriado Putin para a guerra.


“O Ministério da Defesa está tentando enganar a sociedade e o presidente e nos contar uma história sobre como houve uma agressão louca da Ucrânia e que eles planejavam nos atacar com toda a Otan. A guerra era necessária para que Shoigu pudesse obter uma segunda medalha . A guerra não era necessária para desmilitarizar ou desnazificar a Ucrânia (o principal argumento de Putin à época da invasão).”


Acordo com o Ministério da Defesa

 


Na mensagem divulgada por Prigozhin nesta segunda-feira, o líder do grupo Wagner afirma que nenhum dos seus homens concordou com o acordo previsto.


O russo disse ainda que sua marcha para a capital Moscou revelou diversos problemas na segurança do território russo.


Participação de Belarus

Presidente belarusso Alexander Lukashenko durante reunião com o Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, em 13 de janeiro de 2023 — Foto: Ministério das Relações Exteriores da Rússia/Reprodução via REUTERS

Presidente belarusso Alexander Lukashenko durante reunião com o Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, em 13 de janeiro de 2023 — Foto: Ministério das Relações Exteriores da Rússia/Reprodução via REUTERS

Segundo a rede britânica BBC, o líder do grupo Wagner disse na mensagem de 11 minutos que o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko teria ajudado na negociação: “(…) ele estendeu a mão e se ofereceu para encontrar maneiras de Wagner continuar seu trabalho legalmente”.


Já o porta-voz do governo Russo, Dmitry Peskov, informou que as negociações foram facilitadas após a participação de Lukashenko, que conhece Prigozhin há mais de 20 anos.


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