Governo brasileiro cobra atitudes da Espanha, Fifa e La Liga após racismo contra Vini Jr

O governo brasileiro emitiu uma nota em conjunto interministerial para cobrar atitudes do governo da Espanha, da Fifa e da La Liga após o mais recente caso de racismo contra o atacante brasileiro Vinícius Júnior.


Assinado pelos ministérios da Igualdade Racial, dos Esportes, das Relações Exteriores, da Justiça e Segurança Pública, dos Direitos Humanos e da Cidadania, o comunicado afirma que “o governo brasileiro repudia, nos mais fortes termos, os ataques racistas que o atleta brasileiro Vinícius Júnior vem sofrendo reiteradamente na Espanha”.


O governo brasileiro ainda afirma que “lamenta profundamente que, até o momento, não tenham sido tomadas providências efetivas para prevenir e evitar a repetição desses atos de racismo”.


Os ministérios cobraram “as autoridades governamentais e esportivas da Espanha a tomarem as providências necessárias, a fim de punir os perpetradores e evitar a recorrência desses atos”. “Apela, igualmente, à FIFA e à Liga a aplicar as medidas cabíveis”, acrescenta a nota.


“O governo brasileiro tem atuado em cooperação com o governo da Espanha para coibir, reprimir e promover políticas de igualdade racial e compartilhar conhecimento e boas práticas para ampliar o acesso de pessoas afrodescendentes e imigrantes ao esporte com total intolerância a toda e qualquer prática discriminatória, com o apoio ao aperfeiçoamento das melhores práticas internacionais para promover a prevenção e o combate ao racismo, além de qualquer tipo de discriminação nas diferentes modalidades de esportes”, conclui o comunicado.


Também nesta segunda-feira (22), o Itamaraty convocou a embaixadora da Espanha no Brasil, María del Mar Fernández-Palacios, para dar explicações pessoalmente sobre os atos racistas contra Vini.


Na reunião, que deverá ocorrer nas próximas horas, o Itamaraty quer transmitir oficialmente repúdio ao governo espanhol pelas manifestações no estádio do Valencia e cobrar punições aos criminosos.



A convocação de um embaixador estrangeiro para oferecer explicações é, na linguagem diplomática, um gesto importante e que demonstra a gravidade de um assunto para o país anfitrião.


Paralelamente, o embaixador do Brasil em Madri, Orlando Leite Ribeiro, já pediu reuniões formais com o presidente de La Liga, Javier Tebas, e o presidente da Real Federação Espanhola de Futebol, Luis Rubiales.


O caso mais recente

O Real Madrid encaminhou uma queixa de crime de ódio junto a promotores espanhóis por causa dos insultos racistas direcionados ao atacante Vinícius Jr. na partida de domingo contra o Valencia, no estádio Mestalla, informou o clube em comunicado nesta segunda-feira (22).


“O Real Madrid CF manifesta a sua mais veemente rejeição e condena os acontecimentos ocorridos ontem contra o nosso jogador Vinícius Jr.”, afirmou o clube


Os ataques “constituem um crime de ódio” pelo qual o clube apresentou uma queixa à Procuradoria-Geral do Estado, disse o comunicado.


A direção da Fifa pretende enviar uma notificação à La Liga questionando por que o protocolo contra racismo elaborado pela federação internacional não tem sido usado integralmente em casos de atos racistas no Campeonato Espanhol.


Vini Jr. rebateu as críticas proferidas pelo presidente de La Liga, Javier Tebas, nas redes sociais.



“Mais uma vez, em vez de criticar racistas, o presidente da LaLiga aparece nas redes sociais para me atacar. Por mais que você fale e finja não ler, a imagem do seu campeonato está abalada. Veja as respostas do seus posts e tenha uma surpresa… Omitir-se só faz com que você se iguale a racistas. Não sou seu amigo para conversar sobre racismo. Quero ações e punições. Hashtag não me comove”, disse o brasileiro no Twitter.


Mais cedo, Tebas havia criticado Vinícius Júnior, alegando que o astro brasileiro do Real Madrid precisava “se informar melhor sobre as ações de La Liga contra o racismo”.


Na tarde deste domingo (21), Vini Jr. havia feito um longo desabafo, também nas redes, após um novo caso de ataques racistas em uma partida do Campeonato Espanhol.


“Não foi a primeira vez, nem a segunda e nem a terceira. O racismo é o normal na La Liga. A competição acha normal, a Federação também e os adversários incentivam. Lamento muito”, começou o brasileiro em um depoimento no Twitter.


“O campeonato que já foi de Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano (Ronaldo) e Messi hoje é dos racistas. Uma nação linda, que me acolheu e que amo, mas que aceitou exportar a imagem para o mundo de um país racista”, continuou Vini Jr.


“Lamento pelos espanhóis que não concordam, mas hoje, no Brasil, a Espanha é conhecida como um país de racistas. E, infelizmente, por tudo o que acontece a cada semana, não tenho como defender. Eu concordo. Mas eu sou forte e vou até o fim contra os racistas. Mesmo que longe daqui”, concluiu o astro da Seleção.


O jogo contra o Valencia teve que ser interrompido pelo árbitro após ouvir gritos de “mono” (macaco, em espanhol) proferidos por parte da torcida do Valencia.


O técnico do Real Madrid, Carlo Ancelotti, disparou fortes críticas contra La Liga e os demais responsáveis pelo futebol no país europeu, após o novo caso de ofensa racial contra Vini Jr.


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