O dólar fechou em alta nesta terça-feira (16), interrompendo uma sequência de cinco altas consecutivas.
Investidores repercutiram a apresentação do parecer da nova regra fiscal brasileira e monitoraram as negociações para aumentar o teto da dívida dos Estados Unidos, além de digeriram o anúncio feito pela Petrobras sobre o fim da paridade internacional e uma nova política de preços para os combustíveis.
Ao final da sessão, a moeda norte-americana avançou 1,15%, cotada a R$ 4,9438. Veja mais cotações.
No dia anterior, o dólar teve queda de 0,73%, aos R$ 4,8876, ao menor valor em 11 meses. Com o resultado de hoje, a moeda passou a acumular:
O que está mexendo com os mercados?
O grande destaque do dia no mercado doméstico ficou com o anúncio feito pela Petrobras, no começo da manhã, de que encerrou a política de preços de combustíveis baseada na paridade internacional.
Pela regra em vigor desde 2016, o preço desses produtos no mercado interno acompanha, como um mecanismo automático, as oscilações internacionais, ou seja, não há intervenção do governo para garantir preços menores.
Agora, a Petrobras deve adotar uma nova política que permita ao governo interferir nos preços. A empresa explica que sua nova estratégia comercial será baseada em duas referências:
1.”custo alternativo do cliente, como valor a ser priorizado na precificação”, que contempla “as principais alternativas de suprimento, sejam fornecedores dos mesmos produtos ou de produtos substitutos”;
2. “valor marginal para a Petrobras”, que é “baseado no custo de oportunidade dadas as diversas alternativas para a companhia dentre elas, produção, importação e exportação do referido produto e/ou dos petróleos utilizados no refino”.
A estatal afirma que, “com a mudança, a Petrobras tem mais flexibilidade para praticar preços competitivos, se valendo de suas melhores condições de produção e logística e disputando mercado com outros atores que comercializam combustíveis no Brasil, como distribuidores e importadores”.
O comunicado da Petrobras, no entanto, não apresenta uma fórmula clara indicando qual será o peso de cada fator no novo cálculo.
Outro ponto que também ficou no radar foi a apresentação do parecer da nova regra fiscal. Segundo o relatório do arcabouço, do deputado federal Cláudio Cajado (PP-BA), o Bolsa Família não poderá ter aumento real, ou seja, acima da inflação caso o governo descumpra as metas fiscais previstas.
Na agenda de indicadores, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o volume de serviços teve alta de 0,9% em março, acima das expectativas de mercado, de alta de 0,5%, mas abaixo do aumento de 1,1% observado em fevereiro.
Já no exterior, as atenções seguem voltadas às negociações sobre a elevação do teto da dívida nos Estados Unidos. A expectativa é que o presidente norte-americano, Joe Biden, e o presidente da Câmara, Kevin McCarthy, consigam chegar a um acordo para aumentar o limite da dívida do país e evitar um calote catastrófico.
“A secretária do Tesouro, Janet Yellen, alertou que os EUA já estão pagando um preço por não aumentar o limite da dívida federal e reiterou que seu departamento pode ficar sem dinheiro em 1° de junho”, destaca a equipe de análise do BTG Pactual.
Por lá, agentes financeiros também repercutiram os resultados corporativos divulgados pela Home Depot que, combinados com os dados mais fracos do que o esperado de vendas no varejo, indicam que os gastos do consumidor norte-americano estão perdendo a força. O movimento acompanha a redução da demanda diante da política monetária ainda restritiva no país.