Petrone lembra que Salles é investigado; ex-ministro diz que acionará Conselho de Ética

A deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ) bateu boca com o deputado Ricardo Salles (PL-SP) nesta terça-feira (23), durante a sessão de apresentação do plano de trabalho da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a atuação do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) – Salles é o relator do colegiado.


Outros momentos de tensão foram:


Durante pronunciamento, Talíria Petrone criticava a criação da CPI, que, para ela, é uma tentativa da Câmara de criminalizar o MST.


No discurso, ela também lembrou que o ex-ministro do Meio Ambiente de Jair Bolsonaro é investigado pela Polícia Federal. Após a fala da parlamentar, Salles disse que abrirá um processo contra ela no Conselho de Ética da Câmara.


“Cresceu mais de 70% da violência no campo. Tem a ver com grilagem, tem a ver com madeireiros, tem a ver com garimpo ilegal. Aliás com crimes em que tem envolvimento do próprio relator, hoje investigado pela Polícia Federal. Eu estou falando de fatos”, afirmou a deputada.


Em seguida, o primeiro vice-presidente da CPI, Kim Kataguiri (União Brasil-SP), interrompeu a fala da parlamentar e disse que apresentaria um questionamento, alegando que, de acordo com o regimento da Casa, nenhum deputado poderia se referir de “forma injuriosa” a membros do Legislativo. Talíria, então, rebateu.


“Não é injúria tratar de fatos. E o fato é que o relator dessa comissão é acusado de fraudar mapas, tem relação com o garimpo ilegal. Na época em que era ministro do meio ambiente foi reportado sobre madeira ilegal, ele nem ligou porque não defende o meio ambiente. Contra fatos não há argumentos”, disse Talíria.


Já fora do microfone, a deputada acrescentou: “E olha que eu nem chamei de bandido ou de marginal, com todo respeito.”


Salles, então, pediu a palavra e disse que representará contra a deputada no Conselho de Ética da Câmara.


“Vou pedir à Mesa para fazer a extração da fala da deputada para representação no Conselho de Ética”, afirmou.


Encabeçada por deputados da oposição, como Salles e o presidente do colegiado, Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS), a CPI deve dar trabalho ao governo, que já tem sofrido dificuldades na relação com parlamentares da bancada ruralista.

A primeira sessão da comissão, após a instalação, também já indica que deputados da base e da oposição tendem a trocar acusações durante os trabalhos.


Microfone desligado

Outro momento de tensão na comissão foi quando Zucco cortou o microfone da deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP).


O corte ocorreu na hora em que ela lia uma notícia sobre investigação aberta contra Zucco no Supremo Tribunal Federa (STF).


A investigação foi aberta com autorização do ministro Alexandre de Moraes, do STF. A apuração tem o objetivo de saber se Zucco patrocinou atos golpistas.


“Acabou de sair a noticia de que o Moraes autoriza a PF a retomar a investigação do presidente da CPI do MST pela participação nos atos antidemocráticos. Que até agora o senhor estava dizendo que era mentira”, afirmava Bomfim, logo antes de ter o microfone cortado.


A deputada reclamou de que ainda tinha 30 segundos para falar.


Zucco afirmou que a CPI não era palco para ataques pessoais.


“Nós não vamos permitir ataques pessoais. Sobre essa nota, já tinha sido publicado. Isso não é pauta dessa CPI”, afirmou o presidente da comissão.


Acusação de tortura

Um embate entre o deputado delegado Éder Mauro (PL-PA) e o deputado Valmir Assunção (PT-BA), ligado ao MST, também marcou a reunião da CPI na tarde desta terça-feira.


Mauro chamou o MST de “movimento de marginais”. Assunção disse que não aceitaria a fala do deputado.


“Ela (CPI) está apurando situações de um grupo que não é um movimento social, mas um movimento de marginais, que invadem, que quebram, e põe fogo em sedes de fazendas, que matam animais”, disse Éder Mauro. “Movimento de bandidos”, frisou o parlamentar.


“Ele não pode me chamar de marginal. Eu não admito isso. Eu sou deputado como todos aqui. Não sou marginal”, rebateu Valmir, dando tapas na mesa.


Mauro, então, foi chamado de torturador pelas deputadas Sâmia Bomfim e Talíria Petrone. “Marginal é torturador”, disse Talíria.


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