Áudio revela ex-número 2 do Ministério da Saúde de Bolsonaro em trama golpista

CNN teve acesso a novas mensagens que integram o inquérito da Polícia Federal (PF) contra o ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid.


As mensagens de áudio colocam um coronel do Exército, funcionário de confiança do governo Bolsonaro, ex-número 2 do Ministério da Saúde e assessor da Casa Civil, no centro da trama golpista.


O coronel Elcio Franco não só sabia, como deu sugestões de como mobilizar 1,5 mil homens para uma intentona golpista.


Élcio, em conversa com o ex-major, Ailton Barros, que está preso, relatou o temor do então comandante do Exército de ser responsabilizado por uma eventual tentativa de golpe.


Nos diálogos, fica evidente que Ailton e seu grupo pensaram até em suplantar a autoridade do então comandante Freire Gomes, usando o Batalhão de Operações Especiais do Exército.


A documentação faz parte do inquérito que embasa a prisão do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid. Também embasa a prisão de Ailton Barros, ex-major que circulava pela cúpula do Palácio do Planalto.


Ailton e o coronel Elcio vinham falando sobre golpe de Estado e sobre a resistência do comandante do Exército da ocasião, Freire Gomes, de aderir ao plano golpista.


Em um trecho, o coronel Elcio fala com Ailton:


“Olha, eu entendo o seguinte: é Virgílio. Essa enrolação vai continuar acontecendo” – Virgílio era um comandante de um batalhão importante do Exército.


Ele então começa a elucubrar sobre o que o comandante do Exército poderia dizer para se defender.


“O Freire não vai. Você não vai esperar dele que ele tome à frente nesse assunto, mas ele não pode impedir de receber a ordem. Ele vai dizer, morrer de pé junto, porque ele tá mostrando. Ele tá com medo das consequências, pô. Medo das consequências é o quê? Ele ter insuflado? Qual foi a sua assessoria? Ele tá indo pra pior hipótese. E qual, qual é a pior hipótese?”.


Transcrição dos áudios enviados entre coronel Elcio Franco e Ailton Barros, nos quais os dois tratam de um possível golpe de Estado. / Reprodução/ CNN Brasil

Elcio diz: “Ah, deu tudo errado, o presidente foi preso e ele tá sendo chamado a responder. Eu falei, ó, eu, durante o tempo todo [ininteligível] contra o presidente, pô, falei que não, não deveria fazer, que não deveria fazer, que não deveria fazer e pronto. Vai pro Tribunal de Nurenberg desse jeito. Depois que ele me deu a ordem por escrito, eu, comandante da Força, tive que cumprir. Essa é a defesa dele, entendeu? Então, sinceramente, é dessa forma que tem que ser visto”.


Transcrição dos áudios enviados entre coronel Elcio Franco e Ailton Barros, nos quais os dois tratam de um possível golpe de Estado. / Reprodução/ CNN Brasil

Em outro trecho, Ailton Barros diz a Franco: “[É preciso convencer] o general Pimentel. Esse alto comando de m… que não quer fazer as p…, é preciso convencer o comandante da Brigada de Operações Especiais de Goiânia a prender o Alexandre de Moraes. Vamos organizar, desenvolver, instruir e equipar 1.500 homens”.


 


Transcrição dos áudios enviados entre coronel Elcio Franco e Ailton Barros, nos quais os dois tratam de um possível golpe de Estado. / Reprodução/ CNN Brasil

 


Transcrição dos áudios enviados entre coronel Elcio Franco e Ailton Barros, nos quais os dois tratam de um possível golpe de Estado. / Reprodução/ CNN Brasil

 


Transcrição dos áudios enviados entre coronel Elcio Franco e Ailton Barros, nos quais os dois tratam de um possível golpe de Estado. / Reprodução/ CNN Brasil

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