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Entrada da Finlândia na Otan é resposta à invasão da Ucrânia e contraria Puntin

Vizinha da Rússia, a Finlândia entrou oficialmente nesta terça-feira (4) para a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).


A adesão da Finlândia à Otan é um dos principais movimentos da geopolítica mundial desde o início da guerra na Ucrânia e acirra ainda mais as tensões entre Ocidente e Rússia, que agora divide oficialmente uma fronteira de mais de 1.300 quilômetros com um país membro da aliança militar do Ocidente.


Moscou, que justificou a invasão da Ucrânia justamente pelo fato de Kiev estar em conversações para ingressar na Otan à época, prometeu retaliações.


Com a adesão da Finlândia, ratificada em uma cerimônia em Bruxelas nesta manhã, Helsinki encerra também uma história de décadas de neutralidade (leia mais abaixo) e fica automaticamente protegida por todos os membros da aliança, como os Estados Unidos – caso o território finlandês seja invadido, tropas da Otan automaticamente são convocadas para intervir e para defendê-lo.


A Otan é uma aliança criada em 1949, durante a Guerra Fria, sob a liderança dos Estados Unidos e como oposição à antiga União Soviética. Com 30 países – 31 agora, contando com a Finlândia -, o grupo zela pelos interesses econômicos e militares de seus membros.


A organização foi para o centro das discussões da política internacional após Finlândia e Suécia iniciarem processo de adesão, em julho do ano passado, com forte oposição russa em meio à invasão da Ucrânia.


Na cerimônia desta terça-feira em Bruxelas, o ministro das Relações Exteriores da Finlândia, Pekka Haavisto, entregou o documento oficial da adesão de seu país ao secretário-geral da ONU, Jens Stoltenberg, e ao secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken. Bliken e chanceleres de países membro do bloco participaram do ato, na sede da Otan.


O chanceler ucraniano, Dmytro Kuleba, também participou da cerimônia como convidado.


Divergências com Turquia

Após quase um ano de negociações, a Finlândia conseguiu entrar na Otan após superar o último obstáculo na semana passada, quanto parlamento turco, já integrante da aliança, aprovou a entrada do país nórdico – na Otan, o ingresso de um novo membro deve ser aprovado por unanimidade por todos os países que já integram a aliança.


A Turquia foi o único membro da Otan a se manifestar contra a adesão dos países nórdicos, com quem já travava um embate diplomático havia anos. Os governos sueco e finlandês concederam asilo político a cidadãos curdos que Ancara considera terroristas.


O presidente turco, Recep Tayip Erdogan, chegou a exigir a extradição desses cidadãos como condiçao para permitir que os dois países nórdicos entrassem no bloco. Mas após a intervenção de outros países membros, acabou cedendo.


Rússia fala em retaliações

 


O governo russo já anunciou retaliações. Em declaração também nesta terça-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que Moscou “será forçada a tomar medidas para assegurar a segurança da Rússia” em resposta à entrada da Finlândia na Otan.


Ele chamou a decisão do país vizinho de uma “ameaça hostil” à segurança do território russo.


No ano passado, o ex-presidente russo e atual vice-chefe do serviço de segurança do país, Dmitri Medvedev, prometeu “consequências indesejáveis” caso a Finlândia fosse até o fim no processo de adesão à Otan.


Adeus, neutralidade

 


A Finlândia e a Suécia – que também pediu adesão à Otan e aguarda o processo – se mantiveram neutros durante décadas, embora por motivações diferentes.


A Suécia mantinha a neutralidade por questões culturais. O país era um dos mais antigos a ter esse modelo, que adotou depois da 1ª Guerra Mundial e, embora formalmente tenha abdicado da neutralidade quando ingressou para a União Europeia, em 1995, o governo sueco já rejeitou propostas de integrar a Otan e seguia sem intervir em conflitos.


Já para a Finlândia, ser um país neutro estava relacionado à sua posição geográfica. O país tem uma fronteira de 1.300 quilômetros com a Rússia, e, desde a escalada das tensões entre Rússia e Ucrânia, no fim do ano passado, teme estar desprotegida caso Moscou decida aplicar retaliações ao Ocidente.


A população, que sempre se posicionava em maioria a favor da neutralidade, começa a mostrar apoio ao ingresso da Finlândia na Otan. Segundo uma pesquisa recente, 76% dos moradores apoia a adesão à aliança militar.


“Acho uma ótima notícia. Estávamos realmente esperando para que essa entrada na Otan acontecesse há tempo e estamos muito felizes. Isso vai trazer mais segurança para a Finlândia contra agressões da Rússia, e também mostra à Rússia que a Finlândia pode tomar uma decisão sem a interferência deles”, afirmou Niko Ohvo, morador da capital finlandesa.


 


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