O cemitério Jardim da Saudade, na parte alta da capital, teve o muro pichado por faccionados num momento em que grupos criminosos se enfrentam pelo domínio de bairros onde o tráfico é mais rentável.
Segundo um morador que não quis se identificar por temer represália, a pichação aconteceu na mesma noite em que faccionados escreveram palavras de ordem em muros na região da Baixada, o que deixa claro que as ações foram coordenadas. “Aviso! Proibido roubar na quebrada. O rato pagará com a vida!”, diz a pichação.O cemitério, que é rodeado pelos bairros Defesa Civil, Tancredo Neves e Adalberto Sena, é parte de uma extensa área de domínio do crime organizado onde impera a lei do silêncio. “Aqui é muito tranquilo, mas não por interferência do Estado e sim por determinação da facção, então confiar mesmo só em Deus”, disse o denunciante que mora na região há 24 anos.
Em fevereiro de 2020, no mesmo cemitério, membros de uma organização criminosa atiraram para o alto e soltaram fogos de artifício numa “homenagem” durante o sepultamento de Adriel da Silva, de 20 anos, que morreu durante um confronto ocorrido entre militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope).
Segundo especialistas em segurança pública, as proibições de roubo e cometimento de outros crimes nas regiões dominadas nada tem a ver com a proteção da comunidade, mas buscam evitar a presença da polícia, para não atrapalhar e causar prejuízos aos traficantes de entorpecentes.