O caos no Twitter desde a aquisição por Elon Musk pode custar à plataforma seu maior anunciante. A gigante da publicidade GroupM, responsável por comprar mídia (espaço publicitário) para dezenas de marcas em múltiplos veículos de comunicação, passou a classificar a rede social como de “alto risco”.
A mudança foi detectada pelo site Digiday. Significa agora que a GroupM estão aconselhando seus clientes (entre eles, Coca-Cola, Google e Unilever) a não anunciar com o passarinho azul.
Segundo outro veículo da área, o Platformer, mensagens internas do GroupM responsabiliza a nova direção tomada por Musk e, principalmente, “a demissão recente em áreas operacionais importantes (especificamente Segurança, Confiança e Compliance)”.
Um documento enviado aos clientes do GroupM também alertava que o Twitter potencialmente não mais conseguiria cumprir as normas da FTC (Federal Trade Comission, o órgão regulatório do mercado dos EUA).
A BAGUNÇA DO SELINHO DE VERIFICAÇÃO
Outro ponto problemático são os “exemplos de abuso do selo azul de verificação em contas corporativas”.
O GroupM está se referindo à recente decisão de Musk de oferecer o selo de verificação (aquele emblema azul com um “check”) para qualquer conta que assinasse o serviço pago Twitter Blue.
Isso levou a uma onda de contas falsas, porém com o suposto sinal de verificação, se passando por empresas de verdade. Tuítes de contas fake da Lockheed Martin (equipamento militar) e Eli Lilly (farmacêutica) levaram a uma queda vertiginosa no valor das ações dessas companhias.
Outras marcas, como Nintendo, McDonald’s e Nestlé, tiveram que lidar com mensagens polêmicas, que não condiziam com os valores ou normas da empresa.
O problema atingiu uma escala tão descontrolada que, poucas horas depois de seu lançamento, o Twitter revogou o direito ao selo de verificação para contas do Twitter Blue.
MENOS RACISMO, MENOS BAIXARIA
O GroupM também alertou seus clientes sobre o aumento do discurso de ódio na plataforma. Uma pesquisa chegou a registrar um aumento de 500% no uso de termos racistas após a chegada de Musk – um ávido “defensor da liberdade de expressão” que prometeu menos moderação nos conteúdos publicados.
A companhia de publicidade estabeleceu uma série de metas para que o Twitter possa ser desclassificado como “alto risco” -entre elas, a redução nas publicações “tóxicas” ou de “conteúdo adulto” e um sistema interno de controle mais robusto.
Vale lembrar que recuperar anunciantes já era um dos principais desafios da rede social mesmo antes da chegada de Musk. Relatórios internos mostravam que, nos últimos dois anos, houve menos conteúdo tuitado sobre temas importantes ao mercado publicitário, como moda e eSports, e mais sobre temas refratários, como critpomoedas e nudez ou sexo.
(UOL/FOLHAPRESS)