Autoridades da Bélgica suspeitam que o homem que matou um policial e feriu outro em um ataque a faca na noite de quinta-feira (10) pode ter tido motivações terroristas.
A procuradoria-geral do país, que assumiu a investigação do caso, afirma que o nome do agressor constava em uma lista de muçulmanos radicais de uma agência de segurança e que ele gritou “Allahu akbar” no momento do incidente. A expressão, que significa “Deus é maior” em árabe, é comum em culturas islâmicas, mas também se tornou frequente em atentados terroristas nas últimas décadas.
O crime ocorreu por volta das 18h15, no horário local, na comuna de Schaerbeek, perto de Bruxelas. O porta-voz da procuradoria, Eric van der Sypt, afirma que os policiais estavam em uma viatura e aguardavam um farol vermelho abrir quando foram atacados. O motorista, de 29 anos, foi esfaqueado na garganta e morreu, enquanto o passageiro, de 23, teve o braço ferido.
Ele conseguiu acionar reforços pelo rádio, que atiraram nas pernas e no abdômen do agressor, que foi então levado a um hospital, onde será interrogado assim que sua recuperação permitir.
Ainda segundo Van der Sypt, o suspeito -um belga de 32 anos- havia ido a uma delegacia e ameaçado outros oficiais horas antes. A polícia, descrevendo um “estado mental perturbado”, encaminhou-o à ala psiquiátrica de um hospital que ele em seguida deixou, impedido de ser detido contra a própria vontade.
O premiê belga, Alexander de Croo, lamentou o incidente, afirmando no Twitter que o episódio era um exemplo de que policiais arriscam “suas vidas diariamente para garantir a segurança dos cidadãos”.
O episódio ocorre no momento em que está em curso o julgamento dos envolvidos nos ataques terroristas que mataram 32 pessoas no país em 2016, orquestrados pelo Estado Islâmico. As sessões acontecem na antiga sede da Otan, a aliança militar ocidental, convertida em complexo judiciário de segurança máxima.
Entre 2016 e 2018, as forças de segurança belgas foram alvo de uma série de atentados. O último deles a ser classificado de terrorismo ocorreu em Liège, em maio de 2018, quando um muçulmano radical assassinou dois policiais e um estudante antes de ser morto pelas autoridades.
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)