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O corpo do ator, cantor, compositor e apresentador da TV Cultura Rolando Boldrin foi enterrado nesta quinta-feira (10) no cemitério Gethsêmani Morumbi, na Zona Oeste São Paulo.
Mais cedo o ator foi velado na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) em uma cerimônia aberta ao público.
Despedida
Amigos e parentes estiveram no local para prestar homenagem ao apresentador.
Um passarinho de madeira foi colocado nas mãos de Boldrin pela viúva, Patrícia. Eles estavam juntos havia 18 anos. Durante a cerimônia, ela comentou sobre a perda do marido.
“O Rolando era uma pessoa muito pé no chão. Ele sabia que estava indo. Ele tinha um bordão, ele falava que ‘todo mundo viajava fora do combinado’ e ele estava dizendo que ele estava indo no combinado, ele tinha cumprido com tudo o que ele fez. Só me deu muitas atribuições porque além de esposa sou a produtora, cuido de tudo para ele, e ele é uma pessoa extremamente responsável com o trabalho, o trabalho era tudo pra ele, mas foi impressionante a serenidade, muita serenidade, ele falou que estava voltando para casa”.
Boldrin morreu nesta quarta (9) aos 86 anos, em São Paulo. A causa da morte foi insuficiência respiratória e renal, segundo informações da TV Cultura. Ele estava internado no Hospital Albert Einstein havia dois meses.
Com mais de 60 anos de carreira na TV, Rolando Boldrin apresentou o programa musical “Sr. Brasil” por 17 anos. Com grandes sucessos, Boldrin se consagrou como um dos principais expoentes da cultura sertaneja e das raízes da música caipira no Brasil.
“Ele tirou o Brasil da gaveta’ e fez coro com os artistas mais representativos de todas as regiões do país. Em seu programa, o cenário privilegiava os artesãos brasileiros e era circundado por imagens dos artistas que fizeram a nossa história, escrita, falada e cantada, e que já viajaram, muitos deles ‘fora do combinado’, conforme costumava dizer Rolando”, diz nota da TV Cultura.
Um dos grandes sucessos de Boldrin na televisão foi o Som Brasil, que começou no rádio e estreou na TV Globo em 1981. O programa foi criado pelo próprio artista.
No Som Brasil, Rolando Boldrin contava causos, dançava e exibia peças teatrais e pequenos documentários. Mas o destaque eram as atrações musicais com forte apelo à cultura popular brasileira.
Na televisão, ainda apresentou os programas “Empório Brasileiro” na TV Bandeirantes e “Empório Brasil” no SBT. Na TV Cultura, estava à frente do “Sr. Brasil” desde 2005.
Boldrin também fez carreira na teledramaturgia. Como ator, Rolando atuou em mais de 30 novelas, como “O Direito de Nascer”, “As Pupilas do Senhor Reitor”, “Os Deuses Estão Mortos”, “Quero Viver”, “Mulheres de Areia”, “Os Inocentes”, “A Viagem”, “O Profeta”, “Roda de Fogo”, “Cara a Cara”, “Cavalo Amarelo” e “Os Imigrantes”.
Segundo a nota da Fundação Padre Anchieta, Boldrin dizia que era fundamentalmente um ator: “esse tem sido meu trabalho a vida inteira; radioator, ator de novela, de teatro, de cinema, um ator que canta, declama poesias e conta histórias”, falava.
Biografia
Boldrin era o sétimo filho de uma família de 12 irmãos, nascido em 22 de outubro de 1936.
Saído do interior de São Paulo, da cidade de São Joaquim da Barra, ele virou ator de filmes premiados e de novelas acompanhadas no Brasil inteiro e até no exterior, tornando-se compositor, cantor, apresentador e, claro, grande contador de causos.
A voz inconfundível de Rolando Boldrin se tornou em um sucesso na Rádio São Joaquim da Barra. De lá, o artista passou a fazer narrações de grandes projetos nacionais.
Na música, o Boldrin gravou 174 obras de diversos estilos musicais ao longo de 60 anos de carreira.
Além do rádio, da música e da televisão, Boldrin também trabalhou no cinema, com os filmes “Doramundo”, “O Tronco” e “O Filme da Minha Vida”.
“A TV Cultura agradece pela honra de ter contado com o brilhantismo de Boldrin em sua programação. E manifesta os mais sinceros sentimentos aos familiares e amigos deste artista gigante que jamais será esquecido”, diz a nota.
Por g1 — São Paulo