Já pensou em unir economia, sustentabilidade e cidadania em um projeto só? Esses são os eixos trabalhados por alunos da escola João Calvino, em Rio Branco, ao desenvolverem o projeto “biomassa: transformando e sustentando vidas para o amanhã”, que resultou na criação de um biodigestor que produz um gás que é uma alternativa para substituir o gás de cozinha.
Biodigestor que substitui gás de cozinha e se torna alternativa para famílias carentes
Desde 2013, a Escola Presbiteriana João Calvino, que abrange Ensino Fundamental II e Ensino Médio, tem se dedicado a incluir na grade escolar os eixos: ciência, tecnologia, meio ambiente e sociedade. O intuito é fazer com que os alunos entendam a ciência; saibam empregá-la no dia a dia, no que diz respeito ao meio ambiente, e levem respostas à sociedade.
Desta vez, os alunos do 2º ano do ensino médio criaram um biodigestor, que diminui o custo com o gás de cozinha e aumenta a sustentabilidade.
Basicamente, o projeto aproveita os dejetos orgânicos que são descartados de diversas formas no meio ambiente. Em uma câmara hermética onde são acumulados resíduos vegetais e excrementos de animais, por meio de um processo natural de bactérias presentes nesses dejetos, são decompostos e transformados em biogás e em fertilizante.
“Nossos alunos desenvolveram um biodigestor para a produção de gás de cozinha visando futuro desenvolvimento de um protótipo para atender comunidades carentes em relação ao consumo do gás de cozinha. A ideia é desenvolver pequenos fogões à base do biodigestor e utilizando resto de matéria orgânica ou próprio lixo orgânico”, explica o professor de física Paulo Cezar, um dos responsáveis por monitorar o projeto. Cícero Nascimento também orienta os alunos.
A ideia é que o biogás entregue a mesma coisa de um gás de cozinha, que o preço médio no Acre, de uma botija de 13 quilos, é de R$ 130 e é um dos mais caros do país. Com esse biodigestor, com um custo baixíssimo, os alunos aproveitam os resíduos da própria escola para uma economia sustentável,
O sistema apresenta o tambor para compostagem da matéria orgânica; sistema de dois filtros um para eliminação de gases nocivos (mistura de soda cáustica + água) e o outro filtro é formado por palha de aço, para eliminação do gás sulfídrico.
Alternativa
“A ideia do biodigestor partiu do momento que nossos alunos foram inscritos no Prêmio Respostas para o Amanhã ( Prêmio Samsung 2022 ), que trata justamente do contexto ciência, tecnologia, meio ambiente, e procurou- se relacionar um problemática atual, que é o alto custo do gás de cozinha para famílias carentes”, destacou o professor.
O projeto, segundo o orientador, tem muita relevância no contexto de se buscar uma fonte de energia barata , que não agrida o meio ambiente e principalmente o uso do próprio lixo orgânico para produção tanto do gás, bem como um fertilizante orgânico.
Todo o processo de criação durou de 3 a 4 meses. Rayssa Cordeiro; Rafaela Mota ; Ana Carolina Ramos; Jhilklin Albuquerque e Shara Rodrigues fizeram parte do projeto.
Os alunos aproveitam, inclusive, o resto de merenda escolar para poder produzir o gás, que atualmente é usado na cozinha. A redução com esse gasto virou cidadania, já que os alunos usaram o dinheiro para comprar cestas básicas.
“Essa compostagem dura, em média na produção do gás, uns 3 meses, e somente se faz necessário o acréscimo de matéria orgânica para continuar produção do gás. Pensando – se em custos, a produção estaria entre R$ 400 à R$ 500 reais por protótipo. S pensar em durabilidade, aí teríamos no mínimo uns 3 anos com o mesmo protótipo, só trocaria as palhas de aço, que custa quase nada.
Ao todo, ao usar o método sustentável na escola, os alunos conseguiram distribuir 90 cestas básicas para famílias carentes de Rio Branco. “E vamos construir um reservatório de 1.000 litros para uso em definitivo na cozinha para produção de merenda”, diz o professor.
Cidadania
Rayssa Cordeiro, de 16 anos, é uma das estudantes envolvidas no projeto e disse que esse tipo de proposta dentro do ambiente escolar é de fundamental importância não só para a educação em si, mas também na sua formação como cidadã.
“Buscamos na área científica e no desenvolvimento de projetos destacarmos o enfoque CTS ( ciência, tecnologia e sociedade), acima de tudo, buscando entender e interagir com os problemas do cotidiano de nossas comunidades, levando soluções para problemas ao qual estamos inseridos como indivíduos. E nesse processo levamos cidadania ao alcance de todos, buscamos produzir conhecimento científico que realmente mude a vida das nossas comunidades para melhor”, destaca.
Para ela, são iniciativas como essa que levam alternativa e consciência ambiental, que podem mudar o mundo. “Existem pessoas em nosso cotidiano que precisam de nossa ajuda social e com projetos assim podemos mudar vidas, procuramos respostas para o amanhã de nossas comunidades”, finaliza.
Fonte: G1ACRE