Numa época em que a grande maioria das autoridades era enviada ao Acre pela Capital da República, o sempre aprazível Rio e Janeiro, até a década de 50, – inclusive juízes de Direito – como uma espécie de degredo ou punição por transgressões leves, os enviados nem sempre atendiam tais transferências de bom grado e, uma vez aqui, mesmo com abuso de autoridades, botavam para fora todos os seus recalques. Um desses casos envolveu, por exemplo, o juiz de Direito Francisco Alves Duarte, que ganhou as páginas da imprensa nacional – Jornal do Brasil, por exemplo -, por suas decisões, para não dizer foras da lei, no mínimo inusitadas.
Uma de suas decisões envolveu aquele que seria um dos mais famosos médicos em atuação no Acre e que no futuro daria nome a uma clínica pública municipal no Conjunto Tangará, em Rio Branco, a “Barra y Barral”. Pois, a despeito das boas relações sociais e da influência como um dos poucos médicos em atuação no acre Território, nos anos 50, José Barral y Barral chegou a ser processado e condenado pelo tal juiz pelo hábito, acredite!, de assoviar.
Um dos possíveis traumas do juiz era em relação a assovios, em qualquer gênero de música, algo que ele detestava e, ao assumir a comarca de Rio Branco, emitiu uma circular oficial proibindo assovios nas vias públicas e no interior das repartições. O desrespeito à circular era com alguns dias de cadeia e processo por desobediência à decisão judicial.
Foi por isso que o juiz Francisco Alves Duarte acabou batendo de frente com o médico José Barral Y Barral. O juiz e o médico moravam no Hotel Chui, prédio onde nos dias atuais fica a sede da Prefeitura Municipal, no centro de Rio Branco. Eram vizinhos de apartamento.
Bonachão e expansivo, o médico Barral Y Barrral tinha o hábito de cantarolar e assoviar debaixo do chuveiro. Irritado com o que considerava uma transgressão à ordem de proibição de assovio na cidade, o juiz mandou indiciar seu vizinho de hospedagem no único hotel da cidade. A sentença do juiz Duarte em relação ao médico entrou para o anedotário dos operadores do Direito no país e foi notícia no Jornal do Brasil