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OAB avalia possível suspensão preventiva de advogado que xingou funcionária

Advogado xinga funcionários da OAB e se recusa deixar subseção de Planaltina para trabalhadores irem para casa. - (crédito: Reprodução)

O Tribunal de Ética e Disciplina da seccional do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-DF) vai implementar um processo de suspensão preventiva contra o advogado Everardo Braga Lopes, 60 anos, preso por xingar uma funcionário em um supermercado de “preta” e “fedorenta” depois de se recusar a usar máscara de proteção facial no local. A informação foi confirmada ao Correio pelo presidente do Tribunal de Ética, Antonio Alberto do Vale.


“A situação foi tão negativa para a advocacia, que está em análise de suspensão do advogado”, afirmou Antonio, ao Correio. O fato aconteceu na quarta-feira (15/12) em um estabelecimento comercial do Itapoã. O crime foi registrado como lesão corporal e injúria racial pela 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá).


Correio apurou que em audiência de custódia realizada nesta sexta-feira (17/12), o homem foi liberado para responder em liberdade no caso de injúria racial, no entanto, continua preso devido ao mandado de prisão relacionado à Lei Maria da Penha. “Ele tem várias ocorrências, algumas de injúria, e outras da Maria da Penha. A mulher dele pediu medidas protetivas, que ele descumpriu. Esse foi o motivo pelo qual ele foi preso. Na ocorrência de injúria, ele estava sem máscara e xingou uma funcionária. Disse que era juiz e na delegacia confessou, parcialmente, que xingou ela, que a chamou de fedorenta. Alegou que não a chamou de preta, mas disse que se a chamasse, não seria ofensa”, detalhou o delegado Paulo Henrique Feitosa, responsável pelo caso.


Maria da Penha

Além do caso de injúria, outro episódio veio à tona envolvendo o advogado Everardo. No último dia 10 de dezembro, ele teria humilhado um funcionário da subseção de Planaltina da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Os funcionários gravaram o momento em que pedem para que Everardo se retire do local, pois o homem teria atrasado o expediente em mais de quatro horas, pois se recusava a ir embora do escritório e isso impedia que os trabalhadores deixassem seus postos de trabalho.


A Polícia Militar do DF (PMDF) foi chamada para atender a ocorrência e um dos agentes sugeriu que o homem concluísse o serviço em casa. No entanto, Everardo se nega a ir embora e diz que precisa entregar os documentos até às 23h59. Irritado, ele xinga um dos funcionários de “pobre” e “merda”.


O caso é investigado pela 16ª DP (Planaltina). O delegado-adjunto, Eduardo Chamon, pondera que a ocorrência está em investigação. “Chegamos a ver o vídeo e estamos fazendo os levantamentos das informações. Por enquanto, não temos indiciamento. Vamos ouvir as testemunhas para só depois apresentar uma conclusão”, afirma.


O outro lado

Em nota, a Seccional do DF da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-DF), por meio da Diretoria de Igualdade Racial e da Comissão de Igualdade Racial, reiterou que racismo é crime e que “a instituição age, internamente e na sociedade, em vista do combate ao racismo estrutural e de todas as formas de sua manifestação”.


“Todo ato de racismo agride os preceitos da Ordem. Assim, seja nesta denúncia ou em outras, comprovada as acusações, a OAB-DF se posiciona em desagravo (no sentido de reparação) às vítimas, às famílias, aos amigos e à comunidade. A norma é, se provocada, o Tribunal de Ética e Disciplina (TED) poderá instaurar processo disciplinar”, pontua.


A reportagem tentou contato com a defesa do Everardo, no entanto, o homem decidiu advogar em causa própria, e como ele está detido, não foi possível ter acesso a versão dos fatos do advogado.


Fonte: Correio Braziliense
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