À medida que a disseminação da variante ômicron do novo coronavírus avança, países discutem e adotam medidas novas de prevenção, na expectativa de evitar um descontrole. Convocado para uma reunião emergencial pelo Reino Unido, o G7 — grupo das sete nações mais industrializadas do mundo, do qual a União Europeia também faz parte — assinalou, ontem, que a cepa é “altamente transmissível” e requer uma resposta urgente, sem, entretanto, anunciar qualquer ação conjunta. Os países reconheceram a importância de garantir o acesso universal às vacinas.
Partiu individualmente do Japão, integrante do G7, uma providência radical. Seguindo os passos de Israel e Marrocos, Tóquio decidiu se fechar para os estrangeiros. Divulgada pelo primeiro-ministro Fumio Kishida, a medida entrou em vigor hoje e afeta, basicamente, estudantes e executivos, uma vez que a entrada de turistas já estava vedada. A Austrália, por sua vez, suspendeu os planos de reabertura das fronteiras internacionais, após a variante ser detectada no país.
Com um discurso mais contido, os Estados Unidos, que proibiram a entrada da maioria dos viajantes de oito países da África Austral, onde a ômicron foi identificada, tentam evitar o alarmismo. “(A variante) é motivo de preocupação, mas não de pânico”, assinalou o presidente Joe Biden.
Com a proximidade das festas de fim de ano, o chefe da Casa Branca pediu aos americanos que se vacinem e a seus filhos e, se for necessário, que recebam a dose de reforço, além de recomendar o uso de máscaras em espaços fechados. “Se as pessoas estão vacinadas e usarem máscara, não há necessidade de confinamento”, afirmou Biden, ao lado do imunologista Anthony Fauci, seu principal assessor na área de saúde, e da vice-presidente, Kamala Harris.
O líder americano disse ainda que deve apresentar na quinta-feira uma estratégia detalhada para combater a covid-19 durante o inverno (no hemisfério norte). “Não com fechamentos ou lockdowns, mas ampliando a vacinação, as doses de reforço e testagens”, observou Biden.
Avanço
A lista de países onde foi detectada a variante ômicron continua crescendo, especialmente na Europa, depois dos primeiros casos notificados na África Austral, o que levou muitos governos — entre eles, o do Brasil — a suspender as viagens à região e instaurar medidas preventivas de restrição.
Essas medidas foram consideradas um castigo pelas autoridades sul-africanas. E arrancaram um desabafo do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, que disse estar “muito preocupado” com o isolamento imposto à região. Ele sublinhou que o povo africano não pode ser “responsabilizado pelo nível imoralmente baixo de vacinas disponíveis” no continente.
Ontem, Portugal, Espanha, Suécia, Áustria e Escócia anunciaram os primeiros casos da variante. Autoridades de saúde portuguesas disseram que os 13 casos de covid-19 identificados nos jogadores do clube Belenenses SAD, que, por essa razão, não teve atletas suficientes para a partida de sábado contra o Benfica, estão provavelmente associados à nova variante. De acordo com o Instituto Nacional de Saúde (JNSA), um dos jogadores viajou recentemente para a África do Sul.
Em Madri, a ômicron foi detectada em um viajante procedente da África do Sul. O paciente é um homem de 51 anos, que passa bem, atestou o Hospital Gregorio Marañón. O caso foi confirmado por sequenciamento. “Conseguimos montar um procedimento ultrarrápido que nos permite ter o resultado no mesmo dia”, informou o hospital.
Fonte: Correio Braziliense