Homem que dirigia o carro não tem carteira de habilitação; ele se apresentou na delegacia, mas segue solto. Família pede indiciamento por homicídio doloso, quando há intenção de matar.
Maria Fernanda, de 9 anos, foi atropelada após descer de um ônibus na estrada — Foto: Arquivo pessoal
Ainda abalada com a morte da filha, Thamires Alves Paixão iniciou uma campanha pedindo justiça no caso do homem que atropelou e matou Maria Fernanda Lopes Paixão, de 9 anos, no dia 3 de outubro na BR-317, em Senador Guiomard, no interior do Acre.
Na ocorrência, registrada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF-AC), consta que a menina tinha acabado de desembarcar de um ônibus e tentava atravessar a pista quando foi atingida por um carro. O motorista chegou a parar, mas foi embora com medo de linchamento, segundo o registro.
A família alega que Maria Fernanda não estava no meio da via, mas sim esperando para atravessar, quando o motorista invadiu a via na contramão e a acertou. Nas redes sociais, os familiares criaram a campanha “Queremos Justiça por Maria Fernanda”.
O motorista não tem carteira de habilitação e se apresentou à polícia ao lado de um advogado. A família disse que não o conhece, apenas ficou sabendo que ele era vaqueiro em uma fazenda na região. Agora pede justiça e quer que o homem seja indiciado por homicídio doloso – quando há intenção de matar.
“Ele se apresentou, mas nada aconteceu. Segue em casa, com a família dele e aqui está uma família que chora todos os dias com uma dor sem fim. Não temos condições de pagar um advogado e estamos à mercê da Justiça brasileira”, diz a mãe emocionada.
Meninas de 9 anos era o xodó da avó e da tia — Foto: Arquivo pessoal
‘Tiraram um pedaço de mim’
Maria Fernanda era a filha mais velha de Thamires. Uma menina carinhosa, afetuosa e que costumava dizer que tinha três mães, porque era tratada como filha pela tia e pela avó também. Foi o amor pela neta que fez com que a mãe de Thamires superasse a perda do marido.
“Eu estou destruída, arrasada. Tiraram um pedaço de mim, da minha família inteira. Minha mãe era muito apegada à minha filha e está muito abalada porque foi a Maria Fernanda que ajudou ela a superar a perda do meu pai. Minha filha era tudo pra mim”, conta.
A família questiona o indiciamento do suspeito por homicídio culposo, que é aquele sem intenção de matar e diz que tem vivido dias difíceis sem uma resposta. “É uma dor sem fim”, finaliza.
Indiciado
Pela lei de abuso de autoridade, a Polícia Civil não pode identificar o suspeito e, por isso, o g1 não conseguiu contato com a defesa. Mas, confirmou que o motorista que atropelou e matou a menina não tinha carteira de habilitação e que ele foi indiciado, inicialmente por homicídio culposo, sem intenção de matar.
Porém, o delegado de Senador Guiomard, Paulo Henrique, está aguardando o laudo pericial que vai determinar as condições do acidente para saber qual indiciamento deve seguir para o judiciário.
Enquanto isso, o homem segue solto e foi orientado a não mudar de endereço e nem sair do estado. “O autor se apresentou com o advogado e estamos realizando as diligências necessárias para a conclusão do feito”, disse o delegado.
A mãe e a tia também foram ouvidas também.