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Policial penal que tinha cartão de memória com nomes de detentos tem prisão mantida pela justiça do AC

O policial penal Genildo Gabriel da Silva teve o pedido de revogação da prisão preventiva negado pela justiça do Acre. Ele teve a prisão preventiva decretada no início de junho, após ser preso em flagrante, ao chegar para trabalhar no Complexo Penitenciário de Rio Branco. Junto com ele também foi preso Francisco Jeferson Gomes de Morais.


A prisão dos dois ocorreu ao serem surpreendidos levando drogas, cartas, chips de celulares e cartões de memórias para dentro da unidade. O G1 não conseguiu contato com a defesa do policial.


Conforme informações do processo, o cartão de memória encontrado com Genildo continha diversas pastas com informações de familiares de presos. Entre elas, uma carta da esposa de um preso para ele. A polícia também achou conversas do policial penal com familiares de presos dos pavilhões A, B, C, D, E, O e, principalmente, P, onde ocorreu fuga na madruga do dia 15.


O caso tramita na Vara de Delitos de Organizações Criminosas de Rio Branco e de acordo com a decisão, a defesa alegou que houve um erro na decisão que decretou a prisão preventiva, que mencionava que Silva estava transportando drogas para dentro do presídio e não havia droga entre os materiais apreendidos, “deforma que houve uma transgressão disciplinar, mas não restou configurado crime até o momento.”


Porém, em sua decisão, o juiz Hugo Torquato Ferreira disse que não entra neste momento no mérito da ação e mantém a prisão do policial. Ele destacou ainda que consta que o policial penal supostamente teria praticado o crime de integrar organização criminosa e não há como deixar de considerar que o crime é grave.


“Em que pese a defesa sustentar que o Juízo cometeu um equívoco ao mencionar na decisão que Genildo estava com droga, isso se apresenta como um mero erro material, haja vista que a gravidade das condutas perpetradas pelo policial penal, mesmo sem a apreensão de drogas, já levaria a decretação da prisão preventiva”, diz a decisão.


Jeferson Gomes e Genildo Silva foram presos na sexta-feira (11) — Foto: Reprodução

Jeferson Gomes e Genildo Silva foram presos na sexta-feira (11) — Foto: Reprodução


Prisão

Logo após a prisão dos policiais, o diretor-presidente do Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen-AC), Arlenilson Cunha, disse que a Polícia Penal tinha recebido informações e estava suspeitando da ação dos dois servidores. Foi então que repassaram a informação para a Polícia Civil, que iniciou as investigações e conseguiu flagrar a dupla.


“Infelizmente, não é uma notícia agradável, no entanto, isso traz o sentimento de dever cumprido dos bons policiais, daqueles que zelam pela segurança, pela ordem pública. As instituições vão estar sempre trabalhando em conjunto para combater o crime organizado e aqueles também que utilizam de informação privilegiada, que teriam que combater a entrada de ilícitos e estão aí, de certa forma, favorecendo. Vamos continuar combatendo qualquer tipo de desvio de conduta de policiais penais e servidores que, porventura, se deixe levar”, afirmou Cunha.


Na decisão, o juiz ainda autorizou o acesso aos arquivos dos celulares dos dois, ao conteúdo registrado em mídias e em memória interna de celulares apreendidos, com o respectivo encaminhamento ao Instituto de Criminalística.


“Expeça-se mandado de prisão, fazendo-se constar que preso deve ser mantido em local separado dos presos comuns, haja vista que se trata de policial penal”, diz.


O Iapen-AC informou que a Corregedoria do órgão vai instaurar um procedimento http://ecosdanoticia.net/wp-content/uploads/2023/02/carros-e1528290640439-1.jpgistrativo para dar continuidade com as apurações do fato. Os dois estão presos na Unidade Prisional 4, em Rio Branco. Segundo o Iapen, o local foi desativado, mas funciona como extensão da Unidade de Regime Fechado número um do Complexo Penitenciário de Rio Branco. Os dois seguem separados dos demais presos.


Cartão de memória tinha pastas com nomes de presos da unidade prisional  — Foto: Arquivo pessoal

Cartão de memória tinha pastas com nomes de presos da unidade prisional — Foto: Arquivo pessoal


Investigação

Conforme a Polícia Civil, os dois servidores vão ser indiciados pelos crimes de tráfico de drogas e por integrar organização criminosa. Com eles, a polícia encontrou 13 volumes de maconha, escondidos no coturno, pesando cerca de 600 gramas, além de cartas com recados, chips de celular, cartão de memória e tinta para tatuagem.


Após a prisão, os policiais civis foram até a casa de um dos investigados e, no local, foram apreendidos R$ 15 mil em espécie e uma pistola calibre 380, além de três celulares e um carro.


“As investigações vão continuar, foram encontrados valores em busca e apreensão residencial, cerca de R$15 mil, teve veículo apreendido que era utilizado para cometimento do fato. Essas investigações vão se aprofundar para que a gente possa identificar se tem mais servidores envolvidos e eventuais presos ou familiares e amigos de presos que possam ter envolvimento”, disse o delegado Karlesso Nespoli, coordenador da Delegacia de Repressão ao Narcotráfico (Denarc).


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