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Berço da Revolução Acreana, Xapuri completa 116 anos

Foto: Reprodução

Pelo segundo ano seguido, a cidade de Xapuri aniversaria sob o rigor das medidas preventivas relacionadas à pandemia do novo coronavírus. Neste dia 22 de março, a “capital cívica do Acre”, completa 116 anos de fundação, apesar de algumas controvérsias – algumas fontes dizem que são 117 anos. Porém, tanto o governo do estado quanto a prefeitura do município adotam 1905 como o ano oficial de fundação de Xapuri.


O professor de História da Universidade Federal do Acre, Sérgio Roberto Gomes de Souza, explica que por uma convenção político-social definiu-se que o município de Xapuri existe a 116 anos. Seu marco fundador teria sido o ato do então prefeito Odilon Pratagi Brasiliense, datado de 22 de março de 1905. Ainda segundo ele, como todo marco fundador, a data foi uma escolha, expressando interesses e relações de poder.


O historiador, que é xapuriense, ainda esclarece que Xapuri foi elevada de povoado à vila através do Decreto nº 03, de 22 de agosto de 1904, e logo após, por meio do Decreto nº 09, de 28 de setembro de 1904, foi reconhecido como município. Ambos foram assinados pelo então prefeito do Departamento do Alto Acre, Rafael Augusto da Cunha Mattos.


“A não escolha dessas datas pode estar relacionada ao fato de que Cunha Mattos parecia não gozar de muito prestígio na região. Tinha fama de tirano e desonesto, como escreveu Josias Lima, advogado e autor do livro: ‘Os prefeitos do Território do Acre: sua autópsia moral’, publicado no ano de 1906”, complementou.


Sérgio Roberto ainda diz que o que torna Xapuri uma cidade especial no contexto acreano não é a cidade narrada, inventada enquanto princesa, no início do século XX, e, tampouco, a cidade ecológica, construída discursivamente na década de 1990.


“O que a torna especial é a pluralidade de pessoas que lá vivem, são os múltiplos fazeres e saberes que a perpassam e sempre nos ensinaram”.


Seguindo à risca o decreto estadual que determinou o lockdown nos fins de semana, a prefeitura autorizou o funcionamento de alguns serviços considerados essenciais neste feriado municipal, como os mercados e postos de combustíveis.


Na manhã desta segunda-feira (22), o prefeito Ubiracy Vasconcelos falou sobre a data em entrevista nas rádios Educadora AM e Aldeia FM, confirmando que nenhuma atividade alusiva ou festiva seria realizada na cidade em razão das restrições.


“O momento não é de festa, mas de se preservar vidas e combater a pandemia. É isso o que temos feito, até mesmo em respeito às pessoas que perdemos”, disse.


História

Considerada como “o berço da Revolução Acreana”, por conta do movimento armado que mais tarde, pelas via diplomáticas, tornou o Acre brasileiro, Xapuri também é tida como símbolo do “Movimento Ambientalista Mundial”, liderado por um de seus filhos mais ilustres, o seringueiro e líder sindical Chico Mendes, que viveu toda a sua vida na cidade, onde foi assassinado, em 1988.


Os primeiros habitantes da região foram os índios das tribos dos Chapurys (mais numerosa e que originou o nome da cidade), Catianas e Moneteris. A excursão de Manuel Urbano da Encarnação à foz do rio Xapuri, em 1861, foi o início da colonização da região. As terras, onde atualmente se localiza a cidade, eram de propriedade do cearense Manuel Raimundo, seringalista que chegou à região durante o 1º Ciclo da Borracha.


Xapuri nasceu em 1883 logo após a fundação de Volta da Empreza (hoje Rio Branco). A vila se tornou um dos principais postos de comércio de borracha e de castanha. Até a Revolução Acreana, de 1899 a 1903, o Acre fazia parte da Bolívia, embora a maioria dos novos colonos fossem brasileiros. Na época da Guerra do Acre, os bolivianos chamavam o local de Mariscal Sucre.


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