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Profissionais da linha de frente contra Covid-19 em BH desabafam: ‘Estamos esgotados’ e ‘Festas são falta de respeito’

“A equipe, como um todo, está esgotada. A equipe, como um todo, não só os médicos, mas os enfermeiros, os técnicos, todos estão esgotados, é geral. Acho que o termo que os define é burnout. A gente tem visto em vários profissionais de saúde à exaustão. E o grande desafio é como, agora, nós vamos cuidar do cuidador.”


O desabafo acima é da médica Teresa Barros, que é coordenadora da UTI do Hospital Eduardo de Menezes, referência no atendimento a pacientes com coronavírus em Minas Gerais.


Desde março, a vida dela virou de ponta-cabeça. Ela já tinha lidado com epidemias, como de H1N1, febre amarela e dengue, mas nunca tinha vivido nada perto do que está lidando agora com a Covid-19. Já são quase 10 meses de trabalho intenso. A exaustão da categoria é geral. Médicos, enfermeiros e diversos outros profissionais já estão no limite.


Isso ocorre porque os pacientes graves do coronavírus são internados em UTI e usam respiradores mecânicos para conseguirem respirar. Mas, apesar da importância da estrutura hospitalar neste momento, não são os aparelhos que salvam as vidas. A médica destaca que tem sido um período árduo para as equipes de saúde.


“É desafiador a demanda que o paciente com Covid-19 na forma grave traz, é uma demanda muito alta, de muito trabalho, de muito cuidado à beira-leito e exige muito, não só do médico, mas de toda a equipe multidisciplinar. A gente já aprendeu que o trabalho em equipe multidisciplinar é o que faz mais diferença para esse tipo de paciente, o cuidado à beira-leito, é isso que define os melhores prognósticos”, diz Teresa Barros.


Quase 800 profissionais de saúde mortos


Vários profissionais de saúde têm literalmente dado a vida para salvar o próximo. Só em Minas Gerais, são quase 800 colaboradores que morreram por complicações da Covid-19 até dezembro de 2020: 787 pessoas que atuavam na linha de frente do combate à pandemia contraíram a doença e não resistiram.


Além disso, segundo relatório da Secretaria Estadual de Saúde, mais de 17 mil colaboradores, das redes pública e privada, já tiveram Covid-19.


Sem direito a férias


A enfermeira Lilian Magno também atua no cuidado de pacientes graves da Covid-19 no Hospital Eduardo de Menezes. Ela teve as férias adiadas em julho, no pico da pandemia. Em dezembro, quando tentou tirar o recesso novamente, foi chamada 6 dias após a saída para retornar ao trabalho.


Lilian diz que compreende que as pessoas estejam cansadas após tantos meses de pandemia, mas conta que vê como uma falta de respeito quem promove aglomerações e não acredita na letalidade da doença.


“Acho uma falta de respeito, na verdade, acho festas com aglomeração absurdas, é uma falta de respeito e uma desacreditação no que o vírus pode fazer. As pessoas só acreditam no que é o Covid-19 no dia que o morto é delas. Então, as pessoas infelizmente precisam ver para acreditar. E que triste que elas acreditam só quando têm alguém próximo doente”, desabafa.


Os especialistas em saúde têm alertado que os próximos meses devem ser difíceis no combate à pandemia. As aglomerações das festas de fim de ano devem causar, num primeiro momento, um aumento no número de casos, seguido por uma alta no número de internações e, posteriormente, no número de mortes.


Afastamentos na prefeitura de BH


À beira da exaustão, 7.219 profissionais de saúde de Belo Horizonte, entre médicos e enfermeiros, pediram licença médica e férias somente em dezembro do ano passado. O período coincide com o aumento do número de casos de Covid-19 na capital e de internações.


A Secretaria Municipal de Saúde informou que 65 leitos foram fechados por falta de pessoal. Há também dificuldade na contratação de profissionais.


Além disso, 33 leitos do SUS foram remanejados para a rede privada e 80 para pacientes com outras doenças. Segundo a PBH, diferente da primeira onda, houve um aumento também na internação de pessoas com outras enfermidades, o que tem dificultado a abertura de vagas para quem tem Covid-19.


“No momento atual, após as festas de fim de ano, ocorre um aumento da demanda por internações em decorrência da Covid-19, na rede SUS e, sobretudo, um crescimento proporcionalmente maior na rede Suplementar”, disse a PBH, em nota.


A prefeitura disse que há a expectativa de abertura de leitos nas próximas semanas nos hospitais Mário Pena, Baleia, Risoleta Neves e Santa Casa. Já os hospitais Odilon Behrens, Eduardo de Menezes e Júlia Kubitschek estão trabalhando para contratação imediata de pessoal e a consequente reativação dos leitos UTI Covid.


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