Um homem de sorriso largo e sempre alegre. É assim que a família do professor de Cruzeiro do Sul, no interior do Acre, Danilo de Souza, de 37 anos, vai recordar dele. O professor morreu com Covid-19, no final da tarde dessa quarta-feira (20), no Hospital de Campanha do Juruá.
O professor foi infectado pela doença há pouco mais de uma semana, e foi internado no dia 14 de janeiro, dois dias depois ele foi levado para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), no dia 16.
A esposa dele, Adriana Oliveira, contou que Souza tinha comorbidades, era hipertenso, tinha bronquite crônica e começou a sentir os sintomas no dia 10, e no dia seguinte teve muita febre e foi ao hospital, mas voltou para casa depois de ser medicado. Dos dias depois, já no dia 14, ele ficou internado e o quadro começou a piorar.
“Ele dizia que eu era o porto seguro dele. Danilo era um excelente pai, um homem maravilhoso, não tenho nem palavras para descrever. Era uma pessoa que não guardava mágoa de ninguém. Sempre alegre, com o sorrisão”, chorou ao relembrar.
O Núcleo da Secretaria Estadual da Educação, Cultura e Esportes de Cruzeiro do Sul publicou nota lamentando a morte do professor. (Veja nota na íntegra abaixo)
Souza e Adriana eram casados há 10 anos. Ele também deixa duas filhas de outro relacionamento. Ela conta que tinha medo que ele fosse entubado porque tinha ansiedade e síndrome do pânico e ela temia que o quadro dele agravasse por conta disso.
“É um pedaço de mim. Ele tinha um irmão gêmeo que faleceu há 21 anos, então, só posso pensar que ele está em um lugar em que ele não está sofrendo, mas tem hora que bate o desespero, e choro, só Deus para dar o consolo. E o que mais dói é não poder velar e não poder se despedir e dar o último adeus”, chorou.
Adriana disse que Souza sempre foi um homem de muita fé e devoto, todos os dias fazia suas orações, ouvia louvores e sempre foi ativo na igreja católica.
’18 anos não foram suficientes’
Morando em Santa Catarina, a filha do professor Danilo, Maria Laiane de Souza, de 18 anos, se despediu dele há um ano. Em um depoimento emocionado, ela disse que 18 anos com o pai foram poucos.
“18 anos com ele não foram suficientes, uma vida inteira não seria. Nesse momento eu só lembro de todas as vezes que eu adoeci e ele me disse que preferia ser ele no meu lugar para que eu não sofresse. Gostaria de dizer o mesmo para ele. Queria estar no lugar dele, porque eu talvez tivesse sobrevivido e não estaríamos sofrendo desde jeito agora”, relatou.
Ela conta que acredita não ter conhecido ninguém que tivesse mais medo de ser infectado pela Covid- 19 como o pai. Ela relembrou o último abraço e diz que a memória ficará para sempre.
“A última vez que eu o abracei foi há quase um ano, no aeroporto, antes de me mudar, sem saber que aquela seria a última vez com ele. Ele foi um homem bom, cometeu erros como qualquer outro, mas conseguiu ser um homem incrível. A vida sem ele não será a mesma para ninguém que o conheceu. Vou sentir saudades e amá-lo para sempre. Nada do que eu diga vai chegar perto de ser a homenagem que ele merecia. O último abraço e o último ‘te amo’ ficarão guardados até a eternidade no meu coração. Espero ter sido a filha que ele merecia, porque ele foi o melhor pai que eu poderia ter pedido”, relatou.
Veja nota do núcleo:
O Núcleo da Secretaria Estadual da Educação, Cultura e Esportes de Cruzeiro do Sul lamenta com profundo pesar a morte do professor Danilo de Souza, na tarde desta quarta-feira, 20, vítima de Covid-19.
Danilo era professor do Estado, através do Processo Seletivo de 2019. Formado em Ciências Biológicas, pela Universidade Federal do Acre – Campus Floresta, lecionou como professor de Ciência nas escolas rurais Sete de Setembro e Santa Rita. Atualmente dava aulas de Ciências e Religião para alunos do 6° ao 9° ano da escola rural Augusto Severo.
Era uma pessoa e um profissional muito querido e a notícia de sua morte causou tristeza expressiva. O Núcleo da SEE/ CZS se solidariza aos parentes, colegas e amigos do professor Danilo, rogando a Deus por seu descanso e pelo conforto e paz aos seus entes queridos.
Maria Ruth Bernardino da Silva – Coordenadora Geral do NSEE/CZS