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Após buscas, família que perdeu o contato há mais de 60 anos se reencontra: ‘Emoção’


Uma família separada por cerca de 360 quilômetros e mais de 64 anos sem saber o paradeiro udos parentes, agora pode encurtar um pouco a distância após se reencontrar, mesmo que virtualmente, após 10 anos de buscas.


A saga começou com a estudante Icoana Laís Martins, de 29 anos, de Brasília, que decidiu procurar informações sobre o tio Plácido Martins, que morava em Porto Acre, no interior do estado. A última vez que manteve contato com o pai dela, o aposentado Lourenço Martins Filho, de 97 anos, tinha sido em 1951 por meio de uma carta. A saga encerrou nessa sexta-feira (13, após a publicação de uma reportagem do G1 contando a história da família.


“A emoção foi muito grande, a gente chorou, meu pai chorou e quase não dormiu de felicidade em reencontrar a família. O que é mais interessante é que a própria família também estava procurando meu pai. Foi um reencontro porque a gente estava aqui procurando e eles também estavam”, contou a estudante.


O tio da estudante que era o principal alvo da busca, na época que perdeu o contato com a família, era o responsável pelo então seringal Caquetá. Ele morreu em 1975, mas, a família se alegrou em reencontrar os filhos dele. Alguns ainda moram na cidade do interior, outros mudaram para a capital acreana, em Rio Branco, como é o caso do Fernando Martins, de 51 anos, filho mais novo de Plácido, que foi quem fez o primeiro contato com Icoana.


“Meus irmãos falavam muito dele, mas a gente pensava que já tinha falecido, porque são 64 anos. Antigamente era quase impossível reencontrar alguém assim, hoje já é mais fácil devido a internet. Todos ficaram muitos animados quando souberam da notícia”, contou Fernando.


Martins falou que após a publicação da reportagem, uma ex-cunhada dele compartilhou a informação em um grupo de rede social da família. Foi quando a esposa dele fez buscas em outra rede social, encontrou Icoana, começaram a conversar, trocaram contatos e encerraram uma busca que já durava anos.


Com o reencontro, eles planejam uma chamada de vídeo com a família na próxima semana e quando a pandemia de Covid-19 permitir, eles já sonham com o encontro presencial.


Além de Fernando, Icoana também conversou com outra prima, Samia Martins e aguarda para conhecer mais integrantes da família.


“Meu pai depois do AVC ficou mais sensível e sempre perguntava se ele ficaria sempre sozinho e se não ia encontrar mais ninguém. Eu dizia a ele que antes de ele falecer, a gente ia encontrar alguém. Se a gente não encontrar alguém, vamos encontrar alguma notícia e nós já estávamos decididos a ir para o Acre. E ontem foi tudo muito emocionante, porque meu tio sempre teve papel importante na vida do meu pai”, acrescentou Icoana.



Relembre o caso


O pai de Iocana, o aposentado Lourenço Alves Martins, de 97 anos, é natural de Sena Madureira, também no interior do estado, e mora em Brasília há 45 anos. Em busca no cartório de Sena, ela conseguiu dados sobre o pai, mas, do irmão dele não teve sucesso por não saber o ano em que nasceu.


Mas, a busca não parou por aí, além de pesquisas nas redes sociais, ela mandou uma mensagem no site da prefeitura de Porto Acre na esperança de ter notícias do tio ou mesmo de familiares dele, já que eles não sabem se Plácido ainda está vivo porque deve ter mais de 100 anos.


A estudante contou que a família da mãe é muito grande e eles sempre mantiveram contato e teve curiosidade em saber sobre a família do pai, por isso, decidiu fazer a busca.


“Já são 64 anos que meu pai não tem notícias nem de seu irmão (que provavelmente já tenha falecido) e nem de seus sobrinhos, gostaria de saber se vocês tem alguma informação a respeito se permaneceu nesse seringal por muito tempo de modo que possamos encontrar nossos familiares e refazer contato”, disse na mensagem deixada no site.


Órfãos


Os irmãos ficaram órfãos quando Lourenço tinha 11 anos. Depois disso, os irmãos mais velhos não tinham como criar ele que foi para o internato chamado Aprendizado Agrícola, onde teve formação técnica.


“Porque eu quero encontrar o meu tio? Meu pai teve um AVC e de 10 anos para cá ele tem falado mais sobre a família e de todos os irmãos que ele tem. O Plácido foi o que teve papel importante na vida do meu pai que quando saiu do internato, meu tio na época era responsável pelo seringal e deu emprego para ele distribuir medicamentos”, contou.


Plácido Martins foi quem esteve mais perto do irmão nesse período, o incentivou a estudar, quando foi para o Aprendizado Agrícola, depois também incentivou que se alistasse no Exército. Depois de se alistar, foi quando ele começou a fazer algumas viagens e acabou perdendo o contato com o irmão.


“Nisso, o meu pai como estudou no orfanato, tinha uma formação técnica e meu tio falou que o seringal não era lugar para ele e que deveria procurar outro lugar para trabalhar porque ele tinha perspectiva de crescer. Meu tio incentivou meu pai a entrar no exército e dizia que lá ele teria uma vida melhor que no seringal. Meu pai mesmo fala que a família que ele construiu e a vida que teve foi graças ao empurrão do meu tio e isso se chama gratidão”, disse emocionada.


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