Mais de 20 pessoas foram ouvidas pela polícia Civil, desde que foi deflagrada aoperação Mitocôndrias em três cidades do Acre, Rio Branco, Tarauacá e Xapuri. A informação é do delegado que coordena a investigação, Alcino Junior.
O operação ocorreu no último dia 9 de abril e sete pessoas chegaram a ser presas, entre elas Cristian da Silva Sales e Manoel de Jesus Leite, filho e cunhado do deputado Manoel Moraes (PSB-AC), respectivamente. Todos eles foram soltos. O delegado informou que não havia mais necessidade da prisão.
”A investigação está sob sigilo e pouco posso falar sobre ela. A gente ouviu as pessoas. A gente está em fase de análise de documento e arquivos que foram apreendidos nos computadores para poder chegar na fase de indiciamento e encaminhamento à Justiça”, informou.
Sales e Leite foram os últimos se apresentam à polícia, só dois dias depois do início da operação. Fora do estado, eles retornaram ao Acre e foram até a delegacia. O advogado Valdir Perazzo disse que eles não estavam foragidos e que sempre tiveram a intenção prestar os devidos esclarecimentos.
“Eles foram apresentados como desde o princípio demonstramos que não tínhamos nenhum interesse de deixar de apresentá-los. Eles vão fazer os devidos esclarecimentos sobre as perguntas que o delegado tenha para fazer”, disse o advogado.
O delegado disse que os sete investigados foram interrogados e estas outras pessoas são testemunhas. O ex-secretário adjunto de Educação, Márcio Mourão, foi um dos últimos a serem ouvidos como testemunha.
“A princípio, temos sete dos que foram presos interrogados e mais um que não foi preso, e os outros ouvi em forma de depoimento [testemunhas]”, acrescentou o delegado.
O delegado informou que o inquérito tem prazo de 30 dias, contando desde o início da operação, e trabalha para concluir dentro desse prazo, sem pedir prorrogação.
Assinatura
O ex-secretário adjunto da Secretaria Estadual de Educação (SEE) Márcio Mourão confirmou ao G1 que foi ouvido como testemunha. Ele afirmou que não tinha como saber das fraudes e explicou como começou o trabalho interno de investigação.
“Entrei em setembro [de 2019] e o secretário já tinha pedido uma auditoria ao TCE [Tribunal de Contas do Estado] e, quando foi em janeiro, nós fizemos uma mudança na chefia da merenda escolar. Quando essa pessoa chegou lá começou a ver algumas incongruências e dúvidas e decidimos fazer uma auditoria interna e depois uma externa. Logo depois foi pedido para a Polícia Civil, que é quem está com as investigações”, contou.
As investigações iniciaram após o governador do estado, Gladson Cameli,receber uma denúncia sobre o desvio de alimentos destinados à merenda escolar da rede pública.
Mourão justificou que não é possível acompanhar todas as etapas processo de fechamento de contratos.
“Você vai confiando nas etapas, porque não tem como acompanhar tudo, então, quando chega para a gente, é a parte do processo escrito, você verifica tudo e está tudo documentado, tudo certinho, e você assina”, disse.
Operação
Ao todo, foram cumpridos sete mandados de prisão temporária e 20 de busca e apreensão nas sedes de quatro empresas na capital, Tarauacá e Xapuri, além dos depósitos de merenda escolar da Secretaria de Educação em Rio Branco, Tarauacá, Sena Madureira e Cruzeiro do Sul.
Cinco pessoas foram presas no dia da operação, entre elas um sobrinho do deputado Manoel Moraes. Segundo a polícia, empresários e servidores públicos atuavam em “conluio” para garantir o desvio de recursos da merenda escolar no estado.