Uma pesquisa conduzida por cientistas da Universidade de Liverpool, no Reino Unido, e do Comitê Italiano para o Controle das Afirmações sobre Pseudociências (Cicap) jogou novas dúvidas sobre o Santo Sudário, tecido que teria coberto o corpo de Jesus Cristo após sua morte.
Segundo o estudo, apenas algumas marcas no pano seriam compatíveis com a posição de um homem crucificado, enquanto outras não se encaixam em nenhuma posição do corpo, tanto na cruz quanto no sepulcro.
A pesquisa foi publicada no “Journal of Forensic Sciences” e reconstruiu a formação das manchas de sangue com técnicas de medicina forense. “Não analisamos a substância que formou as marcas, mas quisemos verificar como elas podem ter se formado na figura do sudário”, declarou à ANSA o pesquisador italiano Matteo Borrini, da Universidade de Liverpool.
No estudo, os cientistas simularam a crucificação de um homem, usando sangue verdadeiro e artificial. “Simulamos a crucificação com cruzes de formas diversas, de diversos tipos de madeira e com posições diferentes do corpo, por exemplo, com braços na horizontal e paralelos ao terreno ou na vertical e sobre a cabeça”, acrescentou Borrini.
O estudo determinou que as marcas de sangue no tórax e nos antebraços são compatíveis com um homem crucificado, “com os braços em um ângulo superior a 45 graus”. Já as manchas referentes aos pulsos e à região lombar “não se encaixam com nenhuma posição do corpo”.
Segundo a pesquisa, a marca da região lombar é “totalmente irrealista”, já que o sangue proveniente dos ferimentos no tórax se acumularia nas omoplatas quando o corpo estivesse deitado e coberto com o tecido, e não na parte dos rins. Para os estudiosos, trata-se de um sinal feito de “forma artificial”.
A conclusão dos cientistas é que o Santo Sudário é um “produto artístico”, em linha com análises já existentes segundo as quais o pano foi produzido durante a Idade Média. A Igreja Católica não se pronunciou sobre a pesquisa.
O Santo Sudário, que raramente é exposto ao público, fica na Catedral de Turim, no noroeste da Itália. (ANSA)
Estudo constatou que manchas no tecido são “artificiais”