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Resex Chico Mendes: duas décadas de ilusão, humilhações e mentiras.”Vivemos de aposentadorias”


A transformação social prometida pelo governo do PT dentro da Reserva Extrativista Chico Mendes foi uma ilusão, vendida junto com a imagem do líder assassinado,  avalia o presidente recém eleito da Resex, José Maria, o “açúcar”. Segundo ele, “são mais de duas décadas de pura enganação. A energia convencional do Luz Pra Todos nunca chegou. As placas solares não vieram. O tal fogão gerador de energia desenvolvido pela Funtac foi conversa fiada. A Fábrica de Preservativos usa matéria prima de outro lugar, menos a nossa, deixando um rastro de frustração e uma certeza de falência total das famílias que moram aqui. Esse papo de florestania só serviu para e eleger o grupo do PT”, criticou. “E eles estão querendo entrar aqui com essa mesma conversa. Nós não podemos permitir que isso se repita”.


“O Instituto Chico Mendes age com repressão extrema. Famílias tiveram suas árvores sequestradas e casas de carvão derrubadas. A castanha hoje está 50 reais a lata in natura, um preço congelado pela Cooperacre, que tem o Estado como padrinho forte. Prometeram que todos iriam ter valor agregado, com suas estradas de seringa abertas. Isso nunca ocorreu. Na verdade, venderam ilusão para essa gente que está cada vez mais dependente de um bezerro para sobreviver”, afirmou.


“Não se pode desmatar. Aqui ao lado de minhas terras, um seringueiro que derrubou quatro hectares ao invés de duas foi multado em R$ 400 mil, sendo que a propriedade dele não vale mais que R$ 40 mil. A produção vem de onde se não temos subsídios, ramais e assistência? Nenhum desses projetos criados ao longo de 20 anos deu certo. Aí na cidade, a propaganda oficial diz que na Unidade de Conservação Chico Mendes cerca de 10 mil pessoas tiram seu sustento da coleta de produtos florestais, da pequena agricultura de subsistência e da pecuária em pequena escala. É mentira”, reagiu o extrativista.


O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Epitaciolândia (STR), Sebastião Ferreira de Oliveira, informa que os extrativistas da região tinham a esperança de o preço da castanha in natura subisse a, pelo menos, R$ 170,00 a lata. Mas esta esperança acabou se resumindo a mais uma frustração. “Enfrentamos a concorrência da Bolívia e do Peru. Assim fica difícil. Não tem como haver incentivo se a Cooperacre age dessa forma. O preço de R4 50,00 chega a ser uma humilhação”.


O seringueiro que dependia do extrativismo está comendo alimenta graças à sua aposentadoria. É o caso do seu Manoel Francisco Gomes de Souza, que vive na Resex desde 1980, na Colocação Retiro, e tem com 9 filhos. “Vendi mais de 2 mil quilos de borracha para a Natex, mas nunca recebi o subsídio federal e estadual. Hoje estou melhor por que estou aposentado. Escapei da morte por não ter dinheiro para me tratar. Esse dinheiro me faz falta. Me dói a cabeça de lembrar que trabalhei feito um condenado achando que seria compensado. Só sei que alguém ganhou no meu lugar e eu estou aqui, praticamente inválido”, disse seu Manoel Gomes.


Os extrativistas estão proibidos de criar mais de 30 cabeças de gado por propriedade. “Na hora do aperto nós só temos um bezerro para vender”, diz seu Manoel. “Nenhuma família está vendendo látex aqui na Resex. Não temos preço, não temos ramal de qualidade”, concluiu. A região afetada por um nível de falência irreversível abrange as áreas rurais de Brasiléia e Epiotaciolândia, municípios sob a jurisdição da Amoprebe, a Associação dos Moradores e Produtores da Reserva Extrativista Chico Mendes de Brasiléia e Epitaciolândia, que foi controlada por duas décadas por grupos ligados ao Partido dos Trabalhadores e, agora, tem gerenciamento.


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