Rosevaldo Souza iniciou atividades como chef pela necessidade de trabalhar. Do sonho de criança de ser jogador de futebol, acabou se tornando árbitro. No entanto, a gastronomia é a paixão
No Acre, assim como em muitos estados brasileiros, os árbitros de futebol precisam ter uma segunda ocupação, já que não há uma regulamentação para a profissão e há necessidade de complementação de renda para o sustento familiar. Para o acreano Rosevaldo Souza, 38 anos, a opção escolhida fora dos gramados é o que ele considera o prazer de vida: cozinhar.
A paixão pelo futebol começou muito cedo assistindo aos jogos dos principais times do Brasil pela televisão. Assim como toda criança, o sonho era o de ser jogador profissional. Mas o destino não quis assim.
– Toda criança tem o sonho de ser jogador de futebol, jogar em grandes times. O meu não era diferente. Sempre joguei minha bolinha com os amigos na rua e na quadra, mas o tempo foi passando e nada de me transformar em um craque – comenta.
O interesse pelo futebol continuou vivo, mas chegou o momento de colocar na mesa as escolhas: futebol ou um trabalho para se manter. Rosevaldo preferiu correr atrás de um emprego formal e acabou iniciando no ramo da panificação em uma panificadora de Rio Branco.
– Chegou um momento na minha vida que precisava fazer escolhas. Então, resolvi deixar de lado o sonho de ser jogador e focar na minha nova profissão. Começou aos 17 anos como auxiliar de padaria e, depois disso, cresci no ramo – ressaltou.
Quase dois anos depois, resolveu deixar o emprego por se achar, segundo ele, mais capacitado. Deu certo. Acabou sendo contratado por uma empresa com o cargo de salgadeiro. Nesse período, passou a trabalhar com doces e comidas com mais frequência.
– Foi uma experiência e uma aprendizagem muito grande para minha carreira dentro da gastronomia – disse.
Mas o futebol continuava ali, vivo. Foi então que o chef de cozinha resolveu fazer a inscrição no curso de arbitragem da Federação de Futebol do Acre em 2009.
– Como nasci desprovido de talento e como não consegui chegar a ser um jogador, mas mantinha uma paixão pelo esporte, pensei: o que está mais próximo e dentro da minha realidade? A arbitragem! Eu já tinha uma certa experiência, pois trabalhava no futebol de areia da forma amadora – lembra.
Na época, o Rosevaldo recebeu o certificado de conclusão do curso da ex-árbitra Ana Paula de Oliveira, mas, devido o corre-corre da profissão, demorou a surgir o trabalho na arbitragem.
– Até hoje, não consegui trabalhar em jogos da 1ª divisão. Minha profissão requer uma dedicação quase exclusiva. Neste momento, tenho a arbitragem apenas como um hobby – declara.
Como toda profissão sempre tem aquela situação engraçada, quando envolve comida e futebol não poderia ser diferente.
– Estava em uma aula, o telefone tocou e disse: você está na escala e o jogo começa às 18h30. Olhei no relógio e já era 17h45. Acelerei a aula e os alunos até fizeram piadas. Foi um caso bem engraçado – afirmou.
Concurso na gastronomia
Em 2016, Rosevaldo de Souza participou do Encontro de Chefes do Acre (Enchefs Acre) com uma receita chamada escondidinho de galinha caipira com purê de macaxeira. O evento selecionava os seis melhores pratos entre os concorrentes. Os participantes têm que utilizar ingredientes regionais.
– Procurei um prato com produtos da nossa terra, que faz parte do nosso dia a dia. Com essa receita, não conquistei a vaga acreana no Dolmã, mas fiquei entre os melhores e isso foi importante para minha carreira – conta.