O senador Renan Calheiros (PMDB-AL), ao analisar o cenário político nacional e em especial o governo Michel Temer, foi enfático: “Ninguém aguenta mais”. Ele aponta o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), como possível condutor da “inevitável travessia”. Renan, do mesmo partido de Temer, não poupa críticas aos presidente em entrevista à Folha de S. Paulo.
Renan fez ainda uma análise sobre a próxima eleição, e afirmou ainda que não será fácil condenar o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. “Não vai ser tão fácil como alguns esperavam. Para que se possa olhar o cenário futuro com mais nitidez, precisamos saber quem será candidato, quem estará na presidência da República e, falando do quadro atual, por mais pavoroso que seja, quem estará solto. Vivemos, como disse o ministro [do STF Luís Roberto] Barroso, tempos fora da curva.”
Falando sobre o governo Temer, Renan afirmou ainda que “foi o maior equívoco defender uma agenda unicamente do mercado”. “O presidente, pela circunstância, foi colocado na cadeira de piloto de um avião sem plano de voo, sem saber de onde estava vindo nem para onde estava indo. Lá atrás os passageiros estavam aguardando sinais do comandante. Ele disse: ‘Fiquem calmos, temos um rumo, devemos chamá-lo de ponte para o futuro e vamos rapidamente, sem sobressaltos, chegar lá.’ Num primeiro momento, foi alívio e alguma esperança. Aí acontece um desastre: o avião entra numa tempestade e um raio fora do radar atinge as duas asas. O avião fica sem asas e sem turbina, o comandante passa a navegar por instrumentos e quem tenta alertá-lo passa a ser considerado inconveniente. Ele continua com a mão no manche, pisa cada vez mais fundo, e os passageiros começam a perceber que o comandante não tem noção do que acontece fora da cabine e o que querem fazer é tirar de qualquer forma o piloto porque a turbulência está cada vez mais insuportável. Ninguém aguenta mais. Por isso esse sentimento de que o governo já foi. Não devemos descartar o Rodrigo Maia como alternativa constitucional e como primeiro e decisivo passo para essa inevitável travessia que nós deveremos ter de fazer.”
Jornal do Brasil